A
SENHORA APARECIDA
(a
verdadeira história)
por
Dr. Aníbal Pereira dos Reis
ex-sacerdote
católico romano
Os
direitos autorais e de publicação desta obra, são de propriedade
de Edições
Caminho de Damasco,
que autorizou e aprovou a divulgação nestas páginas.
1.
DEVOTO DA SENHORA APARECIDA
No clima profundamente religioso de
minha família, aprendi, desde muito criança, a ser ardente devoto
da Senhora Aparecida, padroeira do Brasil, segundo pretende o clero.
Como bons católicos, enviaram-me
meus pais, aos seis anos de idade, ao catecismo paroquial na
igreja-matriz de São Joaquim da Barra (Estado de São Paulo), minha
terra natal.
Lembro-me perfeitamente. Foi no
último domingo do mês de maio de 1931. Nossa aula de catecismo
terminara mais cedo, antes das 3 horas, por causa da procissão do
encerramento de Maio, o "Mês de Nossa Senhora"...
Sob a celeuma da enorme azáfama
revoavam as naves do templo. As "Filhas de Maria" davam os
retoques finais nos andores. O de "São" Benedito, todo de
amarelo, deveria sair: – "onde já se viu procissão sem a sua
presença?". O de "São" Sebastião, que só saia em
sua festa, em janeiro, neste ano desfilaria no encalço dos outros em
cumprimento de uma promessa de um dos Junqueira, família abastada da
região. O da Imaculada Conceição estava sendo ornamentado na casa
de Dona Sara, a presidente da Pia União das Filhas de Maria. Iríamos
vê-lo na procissão. Reinava irriquieta curiosidade na expectativa
de uma grande e agradável surpresa. A imagem precisava ser mesmo um
deslumbramento porque seria coroada ao final da procissão, sob a
chuva intensa de multicoloridos fogos de artifício.
Rarissimamente nosso vigário, o
padre Eugênio, aparecia no catecismo. Aos domingos à tarde, o seu
grande compromisso se resumia em, cervejando, jogar baralho no bar do
Paulo Trombini, ao lado do cinema local.
Naquele dia ele foi. Insofrido,
depois de haver explicado que cada país, cada estado, cada cidade
tem um santo protetor, contou-nos que o papa declarara "Nossa
Senhora Aparecida", padroeira do Brasil. Elucidou, ainda, que
Maria "Santíssima" é uma só e que as diversas e muitas
denominações a ela atribuidas não supõem diversas "nossas
senhoras". É uma só! Tendo, porém, se manifestado em Lourdes,
é chamada "Nossa Senhora de Lourdes"; tendo aparecido em
Fátima é dita "Nossa Senhora de Fátima", etc.
Relatou-nos, também como apareceu "Nossa Senhora Aparecida"no
Rio Paraíba. Explicou que o Rio Paraíba não ficava no Estado desse
nome, porém, sim no Estado de São Paulo. Informou-nos, ainda na sua
pressa, que no dia 31 daquele mesmo mês de maio, no Rio de Janeiro,
a então Capital da República, haveria uma grande festa, com a
presença de todos os bispos do País, para coroar rainha do Brasil a
"Senhora Aparecida".
Lembro-me outrossim do meu
encantamento quando na procissão, vi o andor dessa Senhora, o mais
lindo de todos. Todo iluminado, ornamentado de lantejoulas e ladeado
de duas bandeiras e rodeado de pajens trajados de veludo azul. E a
imagem sobre o globo terrestre onde apareciam os contornos do mapa de
nossa Pátria.
No sermão, o padre convidou os fiéis
para assistirem à missa do dia 31 em regozijo pelas solenidades a se
darem no Rio de Janeiro, oportunidade em que, a propósito, informou,
contaria os fatos relacionados com a aparição da "miraculosa
Santa".
Com efeito, nesse dia, relatou: –
Certa ocasião, o Governador da Capitania de São Paulo, Conde de
Assumar, em viagem para Minas Gerais, pernoitou em Guaratinguetá, no
Norte do nosso Estado. Então a Câmara local decidiu oferecer-lhe um
banquete com uma grande variedade de pratos à base de peixe. À
ordem dada pela Câmara, os três pescadores, Domingos Martins
Garcia, João Alves e Felipe Pedroso foram ao Rio Paraíba, em cuja
margem direita se localiza a cidade de Guaratinguetá. Principiaram
as suas tentativas de pesca no Porto de José Corrêa Leite, descendo
até o Porto de Itaguassu, onde João Alves, ao lançar sua rede,
colheu, entre alguns peixes, o corpo de uma imagem, sem cabeça. E,
ao repetir a operação mais abaixo, estupefato, verificou, envolta
nos fios da tarrafa, a cabeça da estátua.
Os esforços, antes improfícuos,
tornaram-se compensados com o êxito de abundante pescaria.
A cabeça ajustou-se exatamente ao
corpo da imagem e, maravilhados, os pescadores viram ambas as partes
colarem-se fixamente, apenas encostadas. Foram os dois primeiros
milagres da "Senhora Aparecida" no Rio Paraíba, aos 13 de
outubro de 1717.
E prosseguiu o vigário no seu conto:
– Felipe
Pedroso, piedosamente, levou o achado para a sua casa, onde o
conservou pelo espaço de seis anos. Muita gente da redondeza ia,
especialmente aos sábados, rezar diante do oratório. Muitos
"milagres" aconteciam e a devoção se divulgou.
Em 1743, construiu-se uma capela. Em
1846, iniciaram-se as obras de construção de um templo mais vasto,
concluídas em Dezembro de 1888 e permanecem na atual basílica.
Findo o seu conto, o nosso vigário
conclamou todos os fiéis presentes a se prostrarem ajoelhados para,
em uníssono, repetirem uma reza à Senhora Aparecida coroada,
naquela hora, lá no Rio de Janeiro, padroeira e rainha do Brasil: –
"Escolhendo
por essencial padroeira e advogada da nossa Pátria, nós queremos
que ela seja inteiramente Vossa. Vossa sua natureza sem par, Vossas
as suas riquezas, Vossos os campos e as montanhas, os vales e os
rios. Vossa a sociedade, Vossos os lares e seus habitantes, com seus
corações e tudo o que eles têm e possuem; Vosso, enfim, é todo o
Brasil... Por Vossa intercessão, temos recebido todos os bens das
mãos de Deus e todos os bens esperamos ainda e sempre, por Vossa
intercessão..."
Demonstra essa fórmula, ainda outra
vez, a abismal distância entre o Evangelho e o catolicismo...
Durante os anos do meu curso
primário, sempre assisti e participei de comemorações de nossas
datas nacionais, em cujos programas sempre se acentuou a Aparecida.
Para mim, ser devoto da Senhora Aparecida era condição
indispensável para ser bom brasileiro.
Concluído o curso ginasial, fui para
Campinas (Estado de São Paulo) estudar no Seminário Diocesano
"Nossa Senhora Aparecida", onde não se ouvia um sermão
sem que ela fosse mencionada. A jaculatória: "Nossa
Senhora Aparecida, rogai por nós",
repetia-se ao final de cada dezena do rosário desfiado na enfadonha
repetição da "Ave
Maria"
defronte do altar-mor da capela encimado com a sua imagem.
Aconteceu em setembro de 1942 o IV
Congresso Eucarístico Nacional, em São Paulo. A Senhora Aparecida
foi intitulada "peregrina do Congresso". Programou-se o
comparecimento da VERDADEIRA IMAGEM. Então, certa noite, o diretor
do Seminário foi à capela pedir rezas para que ela ficasse em São
Paulo também durante os dias do Congresso.
E, depois de haver eu ouvido pela
centésima vez o relato de sua aparição, o padre, naquela
oportunidade, com o intuito de elucidar os seus receios, destacou
este pormenor: – Depois de aparecida, os pescadores levaram a
imagem para a casa de um deles, Felipe Pedroso, onde ficou alguns
anos. Numa manhã, a família espantada deu pela falta da "santa".
Ansiosos, todos foram procurá-la. Encontraram-na, depois de tanta
angústia, no alto da colina. Levaram-na, de novo, para o seu
altarzinho antigo, na casa do pescador. Poucas noites seguintes,
repetiu-se o incidente. Desconfiaram os devotos que a Senhora queria
ficar numa igreja construída no alto do morro.
Vieram as contribuições, a
capelinha foi edificada e a imagem entronizada em seu altar, donde
saíra uma única vez, em maio de 1931, quando fora levada ao Rio de
Janeiro para ser coroada rainha e padroeira do Brasil.
A história de imagens fujonas, por
carência de imaginação da parte do clero, se repete, como no caso
da Penha, no Estado do Espírito Santo e no Rio de Janeiro, e no
Rocio, no Paraná.
Pobreza idêntica ocorre na aparição
de tantas "Senhoras" a envolver, num fastidioso plágio,
crianças subnutridas e anormais, como em Lourdes, Salete e Fátima.
Receava-se agora, esclarecido pelo
padre, que "Nossa Senhora", durante a noite voasse de São
Paulo para a sua basílica em Aparecida do Norte.
Pedia-nos rezas e mortificações
para que a "santa peregrina" se dignasse permanecer na
Capital Paulista durante os dias do Congresso Eucarístico.
Fervoroso devoto, rezei muitos
rosários e fiz muitos "sacrifícios" nessa intenção.
A recepção da imagem aparecida
constituiu-se numa das mais pomposas festividades daquele congresso,
cuja imponência se constata pelo milhão de pessoas a acompanhar a
procissão do seu encerramento, quando a população de São Paulo
ainda se encontrava aquém daquela quantidade de gente.
Conduzia-se processionalmente a
estátua da "peregrina" todas as noites, da catedral da
Praça da Sé, onde fora entronizada, para o Vale do Anhangabau, com
o fim de presidir as sessões solenes. Essas procissões, sem terem
sido incorporadas no programa oficial das comemorações
eucarísticas, se transformaram em alvoroçadas apoteoses.
Retornava a imagem, em seguida, para
receber as homenagens das multidões a se revezarem dia e noite. O
povo devoto permanecia ali aos pés da "santa peregrina" no
desígnio de venerá-la condignamente porque – supunha-se –
satisfeita permaneceria em São Paulo até ao fim das solenidades.
A imagem ficou. Foi exaltada em
extremo. O Congresso programado para ser eucarístico, acabou sendo
"aparecídico". Dom José Gaspar de Afonseca e Silva,
cognominado "o arcebispo de Nossa Senhora Aparecida", a
confirmar o mérito desta alcunha, erigiu, na Várzea do Ipiranga,
uma nova paróquia dedicada a essa senhora.
Mas, qual não
foi o nosso desapontamento ao sabermos o engodo: a verdadeira imagem
não viera a São Paulo! Recebêramos apenas um fac-símile!
Encerradas as festividades do Congresso, fora entregue à
recém-instalada paróquia! Alguns seminaristas se revoltaram e se
julgaram vítimas de um ludíbrio.
– Rezamos tanto diante daquela
imagem, supondo-a A VERDADEIRA...
Conformei-me por estar convicto de
que o povo não merecia sua "augusta" presença... E porque
"as autoriades eclesiásticas agiram com prudência"...
Afinal, todas essas circunstâncias
suscitaram em minha alma um afeto entranhado à padroeira do
Brasil...
2. FUI
UM PADRE DEVOTO DA SENHORA APARECIDA
Ao ordenar-me padre, em 1949,
senti-me no dever de ir à sua basílica cantar uma missa, por sinal
a segunda porque cantara a primeira em minha terra natal. Nesse
ensejo, adquiri uma sua imagem, fac-símile, benta pelo padre
superior do convento, destinada por mim a me servir de companhia e
penhor constante das bênçãos celestiais em favor do meu
sacerdócio.
Entranhadamente devoto da Senhora
Aparecida, oferecia, como presente, uma sua imagem fac-símile, a
todas as noivas por mim abençoadas no casamento.
Completados dez anos de sacerdócio,
recebi, como uma verdadeira promoção, minha transferência para
Guaratinguetá, a cidade mais próxima de Aparecida. Localizada à
margem direita do Rio Paraíba, no Estado de São Paulo,
Guaratinguetá, vista, pela Via Dutra, aproximadamente, 220 km do Rio
de Janeiro, 185 de São Paulo e 8 de Aparecida.
Fui nomeado pároco da novel paróquia
de "Nossa Senhora da Glória", no Bairro do Pedregulho. Sua
igreja, que de tão pequena, o povo a cognominara de "igrejinha",
não oferecia condições para, realmente, ser uma matriz paroquial.
DEcidi, por isso, construir um vasto templo. Constituia-se-me imensa
prerrogativa edificar essa obra consagrada à Virgem Maria, e sonhava
com um templo majestoso erguido naquele outeiro do Pedregulho a olhar
a "Basílica Nacional da Padroeira", plantada na colina de
Aparecida. Lá do alto da torre da minha matriz, fiquei muitas vezes
a contemplar a "Basílica da Rainha do Brasil"...
Eu odiava os evangélicos, aos quais
chamava de hereges por combaterem "Nossa Senhora".
Nesse tempo, apareceu lá em
Guaratinguetá, um pastor. No seu desejo de esclarecer o povo,
contratou, numa das emissoras radiofônicas locais, um horário para
um programa evangélico.
Muitos católicos se descontentaram
com as suas explicações.
Um meu colega, o clérigo Oswaldo
Bindão, no seu programa de rádio, decidiu responder ao pastor.
Estabelecida a polêmica, a cidade
inteira se transformou em estádio para assistir a contenda.
O coitado do padre pediu água em
menos de uma semana.
Evidentemente, qualquer jovem das
nossas Escolas Bíblicas Dominicais, com a Bíblia na mão, põe
qualquer padre a correr.
Nós, os padres em Guaratinguetá,
estávamos acuados, arrazados, com o fracasso do colega! E na certeza
absoluta de que, se qualquer um de nós fosse responder ao pastor,
cairíamos no mesmo ridículo.
O Pastor João de Deus Soares
prosseguia dando os seus esclarecimentos. Nessas alturas, o assunto
girava em torno de Maria, de cuja face o pregador retirava toda a
caiação ignóbil que à Mãe de Jesus impôs o catolicismo ao longo
dos tempos.
Naquela oportunidade, encerrara eu,
com uma retumbante procissão, as festividades da padroeira da minha
paróquia. O Pastor Evangélico botou água na fervura do meu
entusiasmo, criticando o meu desfile mariano e citando Isaías
(45:20).
Transtornei-me de cólera!
Noutro dia, o Pastor resolveu
apresentar aos seus radiouvintes os pontos coincidentes entre a Diana
dos efésios e a Aparecida dos brasileiros,
à luz do relato de Atos
dos Apóstolos 19:23-41.
Nós não tínhamos força de
argumento. E o jeito foi apelar para o argumento da força! E se
demorássemos, perderíamos muitos dos nossos melhores fiéis...
A
mentira, a calúnia, o achincalhe
são os melhores argumentos para os covardes sem argumento.
Incumbiram-me de resolver o problema.
Apelei para a violência, comandando
um batalhão de fanáticos. E, em menos de uma hora, num domingo à
noite, foi destruído inteiramente, o templo do Pastor João de Deus
Soares, lotado de pessoas participantes do culto.
A Senhora Aparecida deve-me também
este favor!
No dia imediato, no programa "Marreta
na Bigorna", da Rádio Aparecida, o clérigo Galvão, desatou
uma gargalhada satânica e parabenizou os católicos de Guaratinguetá
pela façanha...
O arcebispo de São Paulo,
congratulou-se vivamente comigo e, horas após o nosso encontro,
declarou, por um grande jornal de São Paulo, que lamentava os fatos
ocorridos em Guaratinguetá!
O clero católico é a hierarquia dos
homens de duas caras!!! Dos refolhados!!!
Estreitíssimas mais ainda se
tornaram minhas relações com os padres responsáveis pela basílica
de Aparecida, em cujo convento se fabricava, exclusivamente para o
consumo interno, cerveja mui apreciada entre os reverendos.
No trato com os clérigos seculares,
constatei a falta de amor fraterno entre eles. Supunha, todavia, que
houvesse entre os regulares ou conventuais, como os franciscanos,
jesuítas, dominicanos, salesianos, redentoristas. Engano!
Entre estes últimos, que são os
responsáveis pela basílica e de quem mais me aproximei, acontece a
mesma carência, senão pior.
Lá dentro do seu convento, ao lado
da "rainha" do Brasil, os padres se estracinham com ódio
extremado. Os apelidos são os mais humilhantes. Havia lá o "padre
Tortinho", o "padre Marreta", o "padre Aventura",
o "padre Zoraide", o "Madame Fifi"... E de cada
um havia um motivo especial indicado pelo próprio vocábulo...
3. NEM
A GANÂNCIA, META PRIMORDIAL DOS CLÉRIGOS
"APARECÍDICOS" ME ABRIU OS OLHOS...
Sentia, outrossim, a frieza
espiritual naquele ambiente de clérigos, profissionais da religião.
Sempre os vi tratando das coisas de sua seita com ganância sórdida.
Só lhes interessava o que dá lucro.
A respeito de qualquer assunto, a
pergunta é sempre esta: – Quanto rende? – acompanhada do sinal
característico de se friccionarem as pontas dos dedos polegar e
indicador.
E fazem praça disso até na sua
emissora. Certa feita, chegou uma carta, perguntando sobres as
riquezas da Senhora Aparecida. Respondeu-a Victor Coelho de Almeida,
no seu programa radiofônico: – "Sim,
'Nossa Senhora' é muito rica. Rica mesmo! Ela tem hotéis,
restaurantes, bares, casas de aluguel – muitas casas de aluguel! –
kombis, peruas, automóveis. Ela tem muito dinheiro... Dimheiro
que os seus fiéis mandam e trazem... Ela tem muitas jóias, anéis,
braceletes, colares. Ela tem muito ouro e pedras preciosas. Até a
princesa Isabel lhe deu preciosas jóias. Quem tem ouro e pedras
preciosas, mande para 'Nossa Senhora'... "
A cupidez é tamanha que as suas
lojas não repeitam sequer o Domingo. Se se cerrarem as suas portas
deixarão de ganhar no dia de maior afluência de peregrinos.
O devoto chega para cumprir uma
promessa. Compra uma vela na loja pertencente aos padres e, a
propósito situada ao lado da basílica e anexa à porta de entrada
da emissora. Ao entrar no templo, porém, depara-se com a proibição
terminante de acender velas. Apresenta-se-lhe, outrossim, a solução:
– deixar o brandão numa caixa adrede colocada ao lado do altar da
"padroeira". O "pagador de promessa" sai na doce
ilusão de que o padre vai, em sala adequada, queimar a sua vela em
honra da santa. Engana-se porque um dos sacristães recolhe todas as
lá depositadas, levando-as novamente para a loja. E a vela do devoto
caiu no círculo rendoso dos clérigos. Sai da loja. Vai para a caixa
da basílica. Volta à loja. De novo na basílica..., E o dinheiro
cresce na "caixa registradora".
Tudo lá é comercializado! E os
redentoristas não admitem concorrência, nem por parte dos seus
colegas de outras igrejas. Num fim de ano, um sacerdote do Rio de
Janeiro, com o objetivo de angariar fundos para a construção de um
templo, instalou, num terreno alugado, um presépio mecanizado e
movido a eletricidade, cobrando dos interessados o ingresso ao local.
Pois, os padres da basílica protestaram e obrigaram o coitado a
"arrumar a trouxa e dar o fora". Todo o mundo só pode ver
o prsépio deles para lhes deixar o dinheiro. Em Aparecida,
arrecadação de esmolas é direito reservado... De todas as partes
afluem contribuições para os seus cofres. Mas, ninguém pode ir lá
colher uma migalha...
A ganância atinge os paroxismos da
usura!
Fui convidado para celebrar um
casamento de pessoas amigas e muito ricas. Por ser sábado à tarde,
havia muitos outros. Os noivos, meus amigos, pagaram todas as
elevadas propinas estabelecidas pela direção do santuário
aparecidiano. À medida em que os noivos adentravam no templo, ao som
da "marcha nupcial", um servente da basílica enrolava o
grosso tapete de veludo grená. É que logo atrás, entrava uma par
de nubentes pobres. Não lhes permitiram as posses, pagar a taxa
referente ao tapete e tiveram de passar "sob os olhares
maternais da incomparável protetora dos brasileiros", por essa
humilhação. O pior ainda aconteceu depois! Chegados junto aos
degraus do altar da Senhora Padroeira, foram embargados seus passos
pele referido servente, que os encaminhou a um altar lateral. A
noiva, desconsolada, explicou ao sacerdote celebrante de suas
núpcias, que viera do Paraná precisamente para casar-se no altar da
"rainha" em cumprimento de uma promessa. Inúteis seus
rogos e vãs as suas lágrimas... O padre irritado alegou que essa
promessa não tinha valor algum e "mastigou", em cinco
minutos, a fórmula do ritual.
Tudo isso me indignava. Mas, tudo
isso consolidava ainda mais mionha devoção à Senhora Aparecida.
Compadecia-me dela por vê-la cercada desse deboche e explorada por
essa chusma de crápulas.
Um bispo do interior paulista tem
carradas de razões ao afirmar que a Aparecida é a vergonha do
catolicismo no Brasil!
O Concílio Ecumênico Vaticano II,
falido desde seu início, foi incapaz de modificar essa situação
sempre interessante para o clero cúpido, em cujo peito, ao invés de
coração, encontra-se instalado um cofre.
O Ministro Mário Andreazza, dos
Transportes, a convite, visitou Aparecida, em 13 de julho de 1969.
Cercaram-no de salamaleques os clérigos chefiados pelo arcebispo
aparecidólatra, o cardeal Carlos Carmelo de Vasconcelos Motta, com a
sua ladainha de reivindicações em favor da construção da nova
basílica e de outras obras católicas. Surpreendido o cardeal e seus
sabujos, incontido e sem subterfúgios, o Ministro demonstrou a sua
desaprovação à permanência, ao redor da basílica, das
"caixinhas" (pequenas bancas onde são vendidos santinhos,
imagens e outros apetrechos aparecídicos).
Quase todos os dias freqüentava eu a
basílica, onde permanecia muito tempo rezando, de joelhos, o rosário
diante da imagem.
Desde a tenra infância, ansiei por
certeza de minha salvação eterna. Procurei-a em inúmeras devoções
a mim sugeridas ou aconselhadas. Busquei-a no exercício do
ministério sacerdotal católico. Macerei-me, chicoteei-me, jejuei...
Vali-me da prática da caridade, criando e dirigindo obras sociais.
Tudo
em vão...
No llivro "ESTE
PADRE ESCAPOU DAS GARRAS DO PAPA",
a biografia do Padre Aníbal, relato dos dolorosos lances de seu
longo e dilacerante drama interior.
|
Tomei-me de esperanças quando
cheguei em Guaratinguetá. Imensa era minha expectativa de encontrar
na Senhora Aparecida a bênção da certeza da vida eterna.
Por isso, ia amiúde à sua igreja
rezar longos rosários defronte da sua imagem, no aguardo de uma
resposta celestial...
4.
A SURPREENDENTE REVELAÇÃO
Numa tarde de quarta-feira, no começo
do ano de 1961, em seguida às funções rituais da "novena
perpétua", a que eu assistira, um sacerdote – com um "psiu"
– tirou-me do meu recolhimento devoto.
Aproximei-me dele.
Perguntou-me à queima-roupa:
– O que você vem fazer aqui quase
todos os dias?
– Rezar à "Nossa Senhora
Aparecida", respondi-lhe.
E, ante o sorriso gracejador do
padre, esclareci:
– Sou muito devoto de "Nossa
Rainha" e espero dela todas as graças necessárias para a minha
salvação eterna...
Não pude mais falar porque o padre
me interceptou com vivacidade:
– Você parece um beato vulgar. Que
lhe poderá dar essa estátua de barro? Ela não tem valor algum. Nós
gostamos dela porque nos traz muito dinheiro.
E, levando as duas mãos aos bolsos,
fez o gesto significativo de quem carreia vultuosas somas.
Pávido, arrisquei a pergunta:
– Mas... E os padres não creem em
"Nossa Senhora Aparecida"?
Um retumbante NÃO! abafou as últimas
sílabas da minha interrogação.
– Ela não vale nada. Tanto assim
que se cair do altar ela se quebra. É de barro!!!
Saí da basílica atordoado.
Passei a noite seguinte em claro,
rememorando fatos e tirando conclusões.
Aterrorizado, sentia esboroarem-se as
restantes ilusões da minha vida religiosa.
Encorajado pelo propósito de servir
a Deus desvencilhado de todos os embustes, decidi levar até às
conseqüências extremas a minha investigação sobre o assunto.
Não me foi muito difícil.
Aproveitei a fraqueza daquele sacerdote e, noutro dia, abordei-o
novamente.
Relatou-me ele os verdadeiros fatos
relacionados com a imagem da Senhora Aparecida. Relato esse
confirmado ulteriormente por outros sacerdotes, seus confrades
conventuais.
Compadeço-me do brasileiro...
Povo de excepcionais qualidades.
Inteligente e dotado de sentimentos primorosos. Capaz de heroismos e
tão paciente...
Haverá, porventura, povo mais
paciente que o brasileiro? Quanta esperança ele vem revelando em
tanto sofrimento... Em tanta exploração a qu é submetido.
Muitas vezes ludibriado em sua boa
fé. Porém, sempre confiante.
É um crime de lesa-humanidade
explorar-se esse povo. Por isso, estou revelando estas informações.
Desejo ardentemente cooperar com esse povo excepcional, em sua
libertação dos embusteiros. Eu sei perfeitamente que recrudescerão
as perseguições movidas pelo clero contra mim. Mas, vale a pena
sofrer pela emancipação espiritual do Brasil.
Ao preparar a nova edição deste
livro, recordo-me das muitas almas, anteriormente devotas sinceras da
"padroeira do Brasil", pela instrumentalidade destas
páginas, libertas da aparecidolatria e convertidas a Jesus Cristo.
Lembro-me, por exemplo, de Dona
Glorinha, residente no Interior Capixaba. Devotíssima da
"incomparável Senhora", em romaria, visitava a imagem pelo
menos uma vez cada ano. Pessoa amiga oferecera-lhe um exemplar deste
livro. A curiosidade sobrepujara o seu propósito de recusar a sua
leitura, pois temia ofender a sua Senhora Aparecida. Guardá-lo-ia
por alguns dias e o devolveria ao propriet;ario, um crente fiel e
ansioso por esclarecer os iludidos. Sua curiosidade, porém, superou
a força do seu propósito.
Lendo-o, revoltou-se contra o
escritor, atirando-lhe, apesar de distante, insultos pesadíssimos.
Quis buscar alívio para os seus
remorsos por ter feito semelhante leitura. E foi à Aparecida
confessar o seu grande pecado (???).
O sacerdote confessor recriminou-a
asperamente por hater lido o livro do "padre excomungado".
E impôs-lhe, como penitência, a reza de longas devoções diante do
altar da "santa".
Concluída a penitência imposta,
saiu à compra de "lembranças" destinadas a parentes,
comadres e companheiras de irmandade do sagrado coração. Separara
já medalhas, xícaras, copos, canecos, pratos, quadros... Tudo com
dísticos ou decalques da "senhora".
Chegava ao fim a sua tarefa de
selecionar as "lembranças", quando os seus olhos se
esbugalharam numa coisa horrorosa. Esbugalharam-se num pinico a
exibir, colada no seu fundo, a estampa da "incomparável
Aparecida".
Indignada, deixou todas as bugigangas
sobre o balcão e o comerciante falando sozinho.
Regressou à casa. Releu o livro.
Procurou o seu proprietário. Ouviu-lhe as explicações
pormenorizadas sobre o plano de salvação do pecador.
Rendeu-se. Renunciou a idolatria.
Arrependeu-se. Converteu-se. Aceitou pela fé Jesus Cristo como o seu
ÚNICO e TODO-SUFICIENTE SALVADOR.
Crente consagrada, hoje conta a sua
experiência de conversão no intuito de levar a Verdade do Evangelho
a tantos pobres escravos da aparecidolatria.
Brasileiros, a Senhora Aparecida é
uma falcatrua! É um conto do vigário!!!
Você que se supõe seu devoto, está
sendo enganado!
Você que tem em casa a sua imagem e
lhe acende velas, está sendo ludibriado!
Você que lhe manda esmolas, está
sendo esbulhado!
Você que vai, em romarias, à sua
basílica, está sendo ridicularizado!
Sim, senhores! Eu vi os padres zombar
e pilheriar dos romeiros... Vi-os a praguejar os devotos romeiros que
colocam no "sagrado cofre" notas velhas e rotas a lhes
exigirem consumo de adesivos...
A um deles um devoto perguntou: –
Seu vigário, por que a Senhora Aparecida é morena?
Eis a resposta: – Porque ela é de
barro!!!
Pobre povo que confia numa protetora
feita de barro...
A
VERDADEIRA HISTÓRIA DA SENHORA APARECIDA
Vou relatar os
fatos verídicos referentes à imagem dessa Senhora.
Localiza-se o início de sua
história no período da Colonização Brasileira.
Corriam muitas lendas sobre
descobertas de jazidas riquíssimas de ouro e outras preciosidades. O
contágio do entusiasmo atingia as vascas do fascínio. O povo
paulista, sobretudo, ardia numa febre desvairada provocada pelas
lendas das esmeraldas, as valiosíssimas pedras verdes, cujas
montanhas se encravavam quais seios úberes em plena selva.
Este sonho acutilante é
que produziu as maiores epopéias das nossas Bandeiras, uma das mais
empolgantes páginas da História-Pátria. Se não descobriram as
montanhas verdes das esmeraldas, os bandeirantes plantaram cidades e
dilataram o território nacional apertado até então na faixa
estabelecida pelo Tratado de Tordesilhas, imposto pelo papa Alexandre
VI aos descobridores espanhóis e portugueses.
Sim! Essas Entradas é que
desbravaram o sertão, devassando e conquistando, com sua audácia o
imenso território do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina, de Mato
Grosso, do Paraná, de Goiás e de grande parte de Minas Gerais.
Porque a "bota de sete léguas" dos bandeirantes chutou os
limites de Tordesilhas...
A miragem das montanhas de
pedras verdes ardeu, por várias décadas, na mente de muitos
brasileiros do Planalto de Piratininga. fulgurou, sobretudo, no
espírito do indômito Fernão Dias Paes Leme, o bandeirante por
antonomásia, cuja morte, em plena selva, transferiu para Sebastião
Raposo Tavares o fascínio de desvendar o segredo daquela descoberta
alucinante.
O fim desastrado da jornada de Raposo
Tavares, em 1713, entanto, assinalou o último sonho das esmeraldas,
que deixou, em São Paulo, qual cicatriz, um profunso sentimento de
frustração.
É de se notar
que, à excessão de uma ou outra, todas as Bandeiras, iniciaram sua
jornada, saindo do Planalto Piratiningano pelo Rio Paraíba, em cujo
Vale deixavam, como rastro, uma enorme expectativa na alma do povo.
Se as esmeraldas, porém, foram uma
quimera não transubstanciada em realidade, diferente resultado
ocorreu com o ouro, explorado em Minas Gerais, o causador do incêndio
de irresistível cobiça, origem de muitos crimes e inomináveis
traições.
Naquela época em que o Brasil era
Colônia de Portugal, não se dividia ele em Províncias ou Estados
como hoje. Repartia-se em Capitanias, dirigida cada qual por um
governador nomeado por El Rei português e vindo diretamente de
Além-Mar.
O Governador Dom Braz Baltazar da
Silveira não conseguiu mais por cobro às desordens reinantes na
Capitania de São Paulo e Minas Gerais, de sua jurisdição, nem
reprimir o contrabando do ouro e, muito menos, coletar os impostos
estabelecidos pela Coroa Real.
El Rei Dom João V hove por bem,
nessa conjuntura, chamar o inábil Governador e substituí-lo. E, em
junho de 1717, oCapitão Geral, Dom Pedro de Almeida, Conde de
Assumar, aportou no rio de Janeiro, donde, via Santos, se encaminhou,
incontinenti, para São Paulo, aos 4 de setembro de 1717.
Num ambiente tranqüilo e, ainda,
oprimido pelas frustrações da Bandeira de Raposo Tavares, o novo
Governador, aos 4 de setembro de 1717, foi empossado no seu cargo.
Ao contrário de Piratininga, nas
Minas Gerais, o clima era de exaltação incendiada pela ganância de
ouro, cuja mineração provocava os mais pacatos.
Competia ao Governador
recém-empossado restabelecer a justiça, recolher os tributos e
exigir o retorno da ordem.
O Conde de Assumar toparia com uma
barreira formidável a lhe embargar a consumação dos seus
propósitos.
É que os frades eram "dos
elementos mais perniciosos entre os que tinham entrado e continuavam
a entrar com as avalanches, que enchiam aqueles distritos, e não só
porque se entregavam desenfreadamente ao ganho como todo aquele
mundo, mas ainda porque, valendo-se do seu ascendente sobre o
espírito da massa, eram quase sempre os promotores de todas as
desordens".
Desgraçadamente os compêndios
de História do Brasil adotados por nossas escolas aureolam os padres
e os frades do tempo da nossa Colonização com as glórias de
heróis. Os seus autores sabem que, se disserem a verdade, os seus
livros não terão guarida nos ginásios, em grande parte, dirigidos,
maquiavelicamente, por padres e freiras, ou deles recebem
"orientação".
Aquelas nossas informações,
acima entre-aspeadas, são de Rocha Pombo, registradas em sua
História do Brasil (Rio de Janeiro - 1905, vol 6, página 245) cuja
PRIMEIRA EDIÇÃO deveria ser lida por todo intelectual patrício.
Destaco em caixa alta a
PRIMEIRA EDIÇÃO porque as subseqüentes foram criminosamente
resumidas e mutiladas. Destas
podaram-se todos os informes sobre os latrocínios, extorsões,
atrocidades e crimes cometidos pelos clérigos missionários.
A maioria dos brasileiros supõe que
naqueles tempos, Portugal açambarcava todo o ouro bateado pelos
lavageiros ou garimpado nos veios das rochas. Supõe-se, também,
que, em tempos posteriores, a Inglaterra usurpou-o das bruacas
lusitanas. Verdade é que o Reino estabelecia impostos, arrecadados
pela quintagem, com o fim de beneficiar o seu erário.
Os frades, contudo, não vieram para
o Brasil com a missão de catequizar. O Historiador Rocha Pombo, no
passo já referido, informa-nos que o Conde de Assumar, dentre as
questões a enfrentar, tinha de se haver com a da "expulsão de
todos os religiosos regulares que não tivessem naquela Província do
seu domínio uma função certa, própria do seu apostolado".
Tinham esses "religiosos"
(frades cognominados pela legislação romanista de "religiosos
regulares") outra incumbência bem diversa da apregoada e que
causou graves prejuízos ao Brasil. Vieram carrear ouro para o papa e
para os seus conventos na Europa!
O ouro do Brasil, em grande parte,
encontra-se ainda hoje em poder do Vaticano, que o faz ocupar o
segundo lugar mundial no mercado desse valor precioso, cujas reservas
o papa deposita no Federal Reserve Bank, em Washington. O papado não
ocupa o primeiro lugar no mundo nesse mercado porque preferiu trocar
uma parte do seu ouro com outros valores, como dólares, que atingem
a cifra astronômica de 15 bilhões, e em títulos de sociedades
italianas avaliados em 1 trilhão de liras e de sociedades de outros
países cotados em 2 bilhões de libras esterlinas. E essa riqueza
fabulosa e atual do Vaticano o faz o maior acionário de todo o
mundo!
No livro "PODER-SE
Á CONFIAR NOS PADRES?
" TAMBÉM DA AUTORIA DO DR. ANÍBAL PEREIRA DOS REIS, É
DEMONSTRADA A INCOMPETÊNCIA INTELECTUAL E MORAL DO CLERO ROMANO
QUANDO SE PÕE A DITAR NORMAS NO SENTIDO DAS REFORMAS DAS NOSSAS
ESTRUTURAS SÓCIO-ECONÔMICAS. EM SEU ÚLTIMO CAPÍTULO,
INTITULADO "O
SUPERCAPITALISMO ECLESIÁSTICO É AMEAÇADO PELA INSTABILIDADE
POLÍTICO-SOCIAL DA ITÁLIA",
É PATENTEADO O HORROR DOS SEUS MÉTODOS DE VAMPIRO
PANTAGRUELICAMENTE GANANCIOSO E SÃO RELACIONADAS ALGUMAS DE SUAS
FABULOSAS E ATUAIS FONTES DE RIQUEZA.
Enquanto os brasileiros lutam
desesperadamente para escaparem dessa situação de
sub-desenvolvimento, estrangulante de nossas energias, o Ali-Babá
do Vaticano se enriquece cada vez mais à custa dos investimentos
do ouro e de outras riquezas levadas do Brasil pelos seus
clérigos.
|
Convencido da gravidade da situação
em Minas Gerais e da sua responsabilidade em recobrar a ordem, o
Conde de Assumar decidiu interferir pessoalmente.
Deixando como seu substituto em São
Paulo, o oficial de grande patente, Manuel Bueno da Fonseca, partiu,
em fins do mesmo mês de sua posse (setembro de 1717), com destino a
Ribeirão do Carmo (hoje Mariana), em Minas Gerais.
Naqueles remotos tempos essa viagem
só podia ser feita via Vale do Paraíba (Norte do Estado de São
Paulo).
Guaratinguetá é uma das cidades
desse Vale. Foi fundada à margem direita do Rio Paraíba, em 1641,
pelo Capitão-Mór Dionísio da Costa, lugar-tenente do donatário e,
por isso, gozava de grande prestígio até os fins do regime das
Capitanias.
O conde de Assumar chegou, com sua
comitiva, nessa cidade, aos 12 de outubro. Prontamente, as
autoridades locais, solícitas em aguardá-lo, promoveram-lhe toda
sorte de homenagens e respeitos.
Por ser o catolicismo a religião
oficial do Reino, o vigário destacava-se nas cidades como a
autoridade mais importante. O "batizado" pelo padre
católico equivalia ao registro civil. O casamento era só no
religioso. Quem não era católico, como um criminoso de lesa-pátria,
não podia casar-se e nem registrar os filhos...
Esta posição do catolicismo
outorgava aos vigários, o ensejo de serem ótimos arrecadadores de
riquezas para o pontífice de Roma.
Em Guaratinguetá, encontrava-se,
como vigário, o jovem padre José Alves Vilela. Como todo clérigo,
conhecia perfeitamente a arte de bajular.
Pelo próprio fato de ser o
catolicismo romano a religião oficial do Reino de Portugal, a
nomeação dos bispos dependia inteiramente da indicação feita pelo
Rei.
O padre Vilela sofria de "bispite"
aguda. Do desejo desenfreado de ser bispo!
Percebeu na passagem do Conde de
Assumar por sua aróquia, uma extraordinária oportunidade de,
sabujando, credenciar-se às boas graças do Governador, que o
apontaria a El Rei como candidato à mitra.
E mãos à obra! A par das
demonstrações cívicas de respeito ao Governador promovidas pela
Câmara, o padre Alves Vilela, como autoridade mais importante do
lugar, programou festas religiosas de grande aparato para
impressionar o homenageado.
Desde sempre o clero gostou de se
valer de seu ritualismo litúrgico para engodar as outoridades civis
com o objetivo de sugar-lhes subvenções ou propiciar clima para se
manter prestigiado. Num dos nossos Estados, os bispos condenaram a
candidatura de certo cidadão à governança. Feridas as eleições e
vitorioso o candidato anatematizado, os "amantíssimos
ordinários"promoveram-lhe demonstrações de "afeto e
deferência", culminando a sabujice, no dia de sua investidura
com uma missa de "ação de graças" mui solene.
Note-se, a título de informação,
que o termo canônico designativo do bispo diocesano é "ordinário".
Para se colocar bem diante do Conde
Governador, preocupado e zangado com os clérigos baderneiros de
Minas Gerais, "promotores de todas as desordens" (Rocha
Pombo – loc.cit.), o padre Vilela tomou atitude oposta aos seus
colegas. Reconheceu na sua subserviência ao chefe da Capitania uma
oportuníssima manobra para conquistar-lhe a simpatia.
Entre o clero há traidores dos
padres traidores! Enquanto os frades de Minas traíam sua posição
aparentemente de catequistas, causando baderna, o padre Vilela
manifestava-se servil.
Nas águas turvas da situação de
descrédito em que se imergiam os frades, o padre Vilela quis pescar
um peixe gordo. O peixe de uma posição perante o Governador
favorabilíssima às suas preten'ões "bispais".
E, como o peixe se pega pela boca,
alvitrou oferecer ao Conde um opíparo banquete.
Mas, um desses banquetes de assinalar
marco na história da culinária!
Notabilizara-se o Rio Paraíba pelas
suas águas piscosas. Por isso, os pratos em peixe distinguiam a
cozinha valeparaibana. O banquete oferecido pela comunidade
guaratinguetaense ao ilustre viajante, na programação estabelecida
pelo incensador clérigo Vilela, revelar-se-ia por grande fartura de
peixes nas mais diversas modalidades de temperos.
O jovem e pretencioso vigário
divisou no ambiente uma circunstância especialíssima para ser
aproveitada naquele acontecimento. E decidiu capitalizar a seu favor
a frustração do povo do Vale pelos insucessos das últimas
Bandeiras, cujas miragens de esmeraldas se esboroaram.
Decepcionado, todavia, não se
descoroçoara o povo. Esperava encontrar alguma coisa de notável.
Desde o princípio do seu paroquiato
travara Vilela conhecimento com os pescadores de sua freguesia e da
região. Deles, e somente deles, é que esperava a mais decidida
colaboração nas suas festividades religiosas porque a pesca,
naqueles tempos, acima mesmo da agricultura incipiente, se
estabelecia como a mais importante fonte de riquezas do Norte da
Capitania.
E, dentre os pescadores seus
conhecidos, três se distinguiam pela espontaneidade em auxiliar,
pela singeleza da sua fé e, sobretudo, pelo seu acatamento às
solicitações do vigário. Domingos Martins Garcia, João Alves e
Felipe Pedroso, os seus nomes!
Procurou-os, então, o clérigo
Vilela, incumbindo-lhes da pesca para o banquete-homenagem.
Nem estranharam a dedicação e o
interesse do seu vigário por aquela pesca. Supunham-no desejoso
realmente de exaltar à vista do Governador as qualidades da cozinha
da Vila, de lhe demonstrar respeito e, certamente, creditar a região
a favores futuros.
Admirados, contudo, receberam no dia
do banquete (13 de outibro de 1717), manhã cedo, as ordens do
vigário no sentido de que lançassem suas redes no Porto de
Itaguassú, próximo do Morro dos Coqueiros. Como ativos pescadores,
sabiam que os peixes permanecem mais nas partes calmas do rio e não
é possível pesca alguma junto de um porto, onde há tanta
movimentação.
Toda aquela zona dispunha do Rio
Paraíba como principal via de comunicações e transportes. E,
dentre os portos, o de Itaguassú se notabilizara por servir vasta
extensão.
Em vista da sua própria profissão,
entenderam os pescadores a ineficácia da ordem estravagante do
vigário. Mas, ingênuos, e submissos, obedeceram. Não lhes convinha
desacatar o sacerdote ameaçador e capaz de praguejá-lo e
amaldiçoá-los.
Lançaram a rede na convicção de
nada apanhar. Surpresos, porém, retiraram das águas uma
imagenzinha, de 0,30m de altura, talhada em terracota escura, nos
moldes da Madona de Murilo, que o clero se utiliza como símbolo da
"IMACULADA CONCEIÇÃO" de Maria.
Decidiram guardar a imagem aparecida
nas águas dentro do embornal e prosseguir além sua tarefa.
Obtida a quantidade de pescado
exigida pelo clérigo anfitrião, foram à sua residência fazer-lhe
a entrega.
E, jubilosos e na sua crença
ingênua, mostraram ao padre, misturado na comitiva do Governador, a
imagem aparecida.
Enternecido o vigário pelo sucesso
do seu empreendimento, pois, ninguém soubera e nem desconfiara de
sua ida durante a madrugada ao Portao de Itaguassú para deixar nas
águas aquela imagem, despejava suas expressões religiosas e
deslambidas acentuando o "fator milagre" daquela
descoberta.
Todo o povo daquela região, presente
em Guaratinguetá, para receber o Governador, Conde de Assumar,
ludibriado em sua credulidade, exultou com o "milagre"
sucedido, vinculando-o à santidade do seu vigário e divulgou a
notícia à distância.
– "Arre! Se falharam as
aventuras em busca de esmeraldas, o "milagre" interveio
para dar ao povo desiludido uma preciosidade muito maior!!!",
parafusava o padre, que, de propósito, havia colocado a imagem nas
águas do Porto de Itaguassú.
Na intenção de valorizar o enredo
do seu estratagema religioso achou melhor entregar a estátua a um
dos pescadores, Felipe Pedroso, residente no sopé do Morro dos
Coqueiros.
Retirando-se o Conde de Assumar no
seguimento de sua viagem, os fiéis, em procissão, acompanharam o
felizardo pescador, que, piedosamente, colocou, sob a emoção dos
circunstantes, a imagem aparecida entre os "santos" do seu
tosco oratório.
Inglórios os esforços do vigário
Vilela junto ao Governador! Tão assoberbado de problemas em sua
curta estadia no Brasil à testa da Capitania de São Paulo, não
teve sequer a lembrança de sugerir a El Rei o nome do pároco de
Guaratinguetá como candidato a bispo de alguma diocese do Reino.
Não se desesperançou o padre.
Decidiu incentivar a devoção da senhora aparecida, promovendo atos
religiosos na casa de Felipe Pedroso. Quem sabe se o seu nome assim
ligado à estátua aparecida "milagrosamente", se encheria
de fama e repercutiria nos ouvidos do supersticiosíssimo El Rei Dom
João V, que ouvia missas sobre missas, distribuia dinheiro a rodo a
quantos santos figuravam no calendário, enchia de ouro os conventos
e, enlevado por violenta paixão à sua amante, a freira Paula, do
Convento de Odivelas, alcançou do papa o título de Rei Fidelíssimo.
As esmolas lançadas, em grande
cópia, no oratório da "santa", permitiram ao vigário
sonhador da mitra episcopal, repartir com o devoto Felipe Pedroso,
que pode obter numerário para comprar uma pequena fazenda e
construir casa nova em Ponte Alta, também nas proximidades do Porto
de Itaguassú, onde entronizou, em oratório novo, a imagem de
terracota aparecida.
A devoção mais importante e mais
concorrida nesse local acontecia aos sábados à noite.
Sucedeu a Felipe Pedroso, após sua
morte, na incumbência religiosa, o seu filho Atanásio. Um pouco
arredio a essas beatices, este herdeiro achou melhor construir fora
da casa uma capelinha para se ver livre das importunações dos
devotos e transferiu à Silvana da Rocha o mister de puxar as rezas e
os cânticos. Primava a rezadeira-mor, Silvana, em dirigir o rosário
dos sábados, incrementando a afluência dos humildes com animados
bailes regados a pinga após a reza, na intenção de alegrar os
devotos caboclos desprovidos de outros divertimentos.
Os anos se passaram e o nome do padre
Alves Vilela, sem ser sugerido nas eleições dos bispos!
Em 1742, Dom João V foi acometido de
uma paralisia que o imobilizou para sempre, apesar de suas treze
jornadas às Caldas da Rainha (nas proximidades de Leiria, ainda
muitas pessoas por ser uma das mais importantes estações termais de
Portugal), escoltado por um exército de freiras e padres
interesseiros.
O vigário de Guaratinguetá, agora
já encanecido, porém esperançoso, mantinha-se a par de todas as
notícias vindas de Além Atlântico.
Conhecedor da carolice de El Rei e
sua magnanimidade em proveito dos clérigos, urdiu outra investida
com o objetivo de atrair as atenções "majestáticas"
sobre si.
Certo sábado, em 1743, quando os
devotos chegaram à capela, surpresos, deram pela falta da santa
aparecida. Atônitos ficaram quando Silvana Rocha desconhecia também
o seu paradeiro, mesmo depois de se informar com Atanásio.
Desesperados, correram falar com o vigário, que se fingiu
surpreendido. Aconselhou-os, porém, a que dessem uma batida nas
redondezas e que não se esquecessem de ir até o alto do Morro dos
Coqueiros. Dóceis à orientação do padre, vasculharam todos os
recantos, e, por fim, subiram os rapazes ao Morro, onde, para alívio
geral, encontraram a imagem encostada em uma pedra. Nessa noite, o
rosário foi rezado com mais fervor, os hinos mais vibrantes e o
baile mais animado com cachaça distribuida abundante na algazarra do
reencontro da Senhora Aparecida.
Noutros sábados, o fato misterioso
se repetiu sem que os pobres devotos percebessem a mão do vigário
atrás de tudo.
O padre Vilela, ao sentir-se seguro
do êxito de seu plano, num sábado, foi até Ponte Alta puxar ele a
reza. Desta feita, ainda outra vez, a busca da imagem fugidiça
precedeu o ato religioso, porque o padre ainda outra vez, retirara-a
às ocultas e levara-a para o cume do Morro. Então, na qualidade de
vigário e ministro de Deus, aconselhou o povo devoto que se
construísse no alto do Morro dos Coqueiros um templo para a "santa".
– "Nossa Senhora, afirmava,
quer que se construa uma capela lá no alto do Morro".
De imediato, foram abundantes os
donativos. Todos queriam concorrer a fim de contentar os desejos da
"santa" aparecida no sentido de que lhe erigissem um templo
no cume do Morro dos Coqueiros, conforme havia interpretado o vigário
aquelas fugas constantes.
Em cumprimento de exigências
eclesiásticas, o padre José Alves Vilela valeu-se do Bispado do rio
de Janeiro, a cuja jurisdição canônica se submetia para requerer a
devida licença a fim de edificar o templo. Recorde-se que o Bispado
de São Paulo, a cuja jurisdição eclesiástica, posteriormente,
pertenceram Aparecida e Guaratinguetá, somente foi criado em 1745.
Na esperança de divulgar nas altas
rodas clericais o valor sobrenatural da sua "santa"
aparecida, o que lhe poderia render prestígio junto a El Rei,
saliento em seu requerimento: "...que
pelos muitos milagres que tem feito a dita Senhora, a todos aqueles
moradores, desejam erigir uma capela com o título da mesma Senhora
da Conceição Aparecida, no distrito da dita freguezia em lugar
decente e público por concorrerem muitos romeiros a visitar a dita
Senhora que se acha até agora em lugar pouco decente..."
A provisão de licença foi passada
na chancelaria do bispado do Rio de Janeiro, em 5 de maio de 1743. E
tudo se tornou mui fácil, porquanto, Dona Margarida Nunes Rangel,
proprietária do Morro dos Coqueiros, houve por magnanimidade, fazer
doação de toda a colina.
Afluiram donativos abundantes e, a 26
de julho de 1745, o padre Vilela benzeu o templo e rezou nele a
primeira missa, suspirando para que El Rei, o beato sonso Dom João
V, se lembrasse dele nas escolhas dos bispos.
Já alquebrado pela idade avançada
morreu, como simples vigário de Guaratinguetá, o padre ambicioso, e
a Aparecida caiu na vala comum das pequenas capelas do Interior
Brasileiro.
A
RAZÃO DO NOVO SURTO DO "APARECIDISMO"
Em fins do século passado, Aparecida
foi tirada de sua insignificância, onde permanecera por mais de cem
anos após a morte do seu criador, o vigário José Alves Vilela.
Em 8 de dezembro de 1888, o bispo de
São Paulo, Dom Lino Deodato de Carvalho, benzeu um novo templo
construído em substituição do anterio erigido pelo sacerdote
inventor da "santa" e resolveu entregá-lo à administração
de alguma ordem ou congregação religiosa.
A congregação dos padres
redentoristas gozava, na época, de grande nomeada nos círculos
romanistas, pois o seu fundador, o italiano Afonso de Liguori, além
de ser canonizado santo, em 1839, havia sido, em 1871, proclamado
pelo papa Pio IX, "doutor da igreja". Dentre as suas
diversas obras literárias, destacam-se a "Teologia Moral"
e as "Instruções e Método para os Confessores", pelo seu
conteúdo repleto de normas utilizáveis com grande resultado no
confessionário, o instrumento infernal da escravização das
consciências.
Por causa da "importância"
de Liguori, cresceu a influência de sua ordem religiosa, e também
em razão da sua finalidade, que consiste em se disporem os padres,
seus membros, a pregar missões populares. Distinguem-se estas por
uma série de pregações retumbantes e fantasmagóricas com
arremates de procissões imbecilizadoras.
Liguori estabeleceu a sua congregação
para a Itália Meridional do seu tempo, com uma população rural
ignorante e de sangue quente. REferindo-se a esses italianos, o
clérigo redentorista Hitz, observa: "gostam das manifestações
fortes... São superficiais, levianos, desmazelados, supersticiosos,
e apegam-se, sobretudo, às práticas exteriores da religião"
(Hitz – "A pregação missionária do Evangelho",
Livraria Agir Editora, Rio de Janeiro, 1962, pág. 181). Foi
para conservar esse povo agrilhoado às superstições romanistas,
assim considerado pelos seus líderes religiosos, que Liguori
detterminou, com minúcias, os temas e os esquemas dos sermões das
"santas missões" a serem pregadas por seus padres. No
plano do fundador dos padres redentoristas, os fiéis devem, ao final
desse trbalho, ser encaminhados ao confessionário para que se
consume o seu cativeiro espiritual.
As "santas missões" dos
redentoristas fundam-se num moralismo antropocêntrico, infinitamente
distante do Evangelho. Aliás, servem bem ao romanismo, cujo ritual
coloca o endeusamento da criatura acima de tudo.
O bispo de São Paulo, Dom Lino
Deodato de Carvalho, julgou os brasileiros semelhantes aos
depreciados italianos meridionais por estarem também, os nossos
patrícios, seus contemporâneos, encharcados das superstições
católicas. E entregou o templo da Senhora Aparecida à direção dos
padres redentoristas, em fins de 1894.
Esses padres, incontinenti, começaram
suas incursões fanatizadoras pelo Interior dos Estados de São
Paulo, Minas Gerais, Paraná e Rio de Janeiro, por meio das missões
populares, quando divulgaram profusamente as lendas referentes à
Senhora Aparecida. O nosso povo, humilde e distante das fontes puras
da Bíblia, aceitou ingenuamente e sem qualquer exame, essa fábula,
que, também eu, em criança, ouvi.
Pelo confessionário, os
redentoristas impunham aos fiéis, narcotizados com as suas mentiras
e modelados aos seus caprichos, penitências de rezar fórmulas
especiais à Aparecida e de ir ao seu santuário em romarias.
O povo desprovido de recursos
essenciais a uima subsistência condigna e imerso nas trevas do
analfabetismo, é sempre presa fácil dos embusteiros, máxime quando
se apresentam revestidos de roupagens exóticas e com a voz repassada
de acentos ameaçadores.
Os pregoeiros do "aparecidismo"
espalharam entre o nosso pobre e abandonado povo, no intuito de
fanatizá-lo e escravizá-lo mais, aquela deslambida "Oração a
Nossa Senhora Aparecida para pedir a Sua Proteção", que assim
começa: "Oh Incomparável Senhora da Conceição Aparecida, Mãe
de Deus, rainha dos anjos, advogada dos pecadores..." Em seguida
a esta relação de tantas heresias, o pobre brasileiro suplica-lhe
que o livre da "peste, fome, guerra, trovões, raios,
tempestades e outros perigos e males que nos possam flagelar".
Aconselhado pelo missionário, o
simplório cola o papel dessa reza atrás das portas de sua casa e se
supõe imunizado, protegido e livre de todas as desgraças.
Quando eu era pároco em
Guaratinguetá, num domingo, fui rezar missa numa capela da zona
rural. Desabara durante a noite precedente um horrendo temporal. E a
notícia lúgubre enchia de tristeza todos os moradores da região!
Um raio penetrara numa choça e fulminara todos os seus moradores.
Encaminhei-me para lá. Entrei no casebre. Olhos esgazeados de pavor,
encontrei três corpos esturricados no chão. E atrás das portas
toscas a protetora reza da "incomparável"...
As primeiras "santas missões"
populares produziram os frutos esperados. Já em 1900 começaram as
romarias. O novo bispo de São Paulo, Dom Antonio Cândido de
Alvarenga, continuou o interesse de seu antecessor, Dom Lino,
pela Aparecida, pois previa os resultados financeiros com o comércio
da credulidade das massas. Em conseqüência, não só incentivou os
vigarios das paróquias a promoverem romarias, mas, ele pessoalmente
organizou uma.
A comercialização e a traficância
da devoção à Senhora Aparecida tornaram-se rendosas, além de
todas as estimativas, que o bispo de São Paulo não admitiu se
tornasse ela paróquia da Diocese de Taubaté.
Com efeito, em julho de 1908, o papa
Pio X desmembrou da Diocese de São Paulo, que abrangia todo o
território do Estado, as dioceses de Botucatú, Campinas, São
Carlos, Ribeirão Preto e Taubaté. Esta incluía todo o Noprte do
Estado de São Paulo, desde o Município de Jacareí, inclusive, até
o limite do Estado Fluminense, à excessão de Aparecida que, apesar
de encravada bem no centro do bispado de Taubaté, continuava
pertencendo à jurisdição eclesiástica do arcebispado de São
Paulo. Ocorreu esta anomalia escandalosa como resultado da ganância
do arcebispo, ávido de se locupletar com as fortunas continuamente
depositadas nos cofres da Senhora Aparecida.
Em 1931, conforme já referimos,
vieram sua proclamação e coroação como padroeira e rainha do
Brasil, em execução de uma astúcia política.
Antes, o padroeiro do Brasil era
"São" Pedro de Alcântara, que, por haver sido membro de
ilustre e principesca família espanhola durante o domínio da
Espanha sobre o Reino de Portugal, obtivera de Roma esse "padroado".
Os tempos eram outros e o povo
brasileiro não se tornara fã do frade espanhol. Então, os
"ordinários" brasileiros decidiram aposentá-lo e arranjar
do papa um outro padroeiro.
Afora o prestígio popular, o
candidato, por certo, precisaria satisfazer injunções políticas e
ter a sua meca localizada onde houvesse maior concentração
demográfica.
A
paraense Senhora de Nazaré, a capixaba Senhora da Penha e o baiano
Senhor do Bonfim, se bem que prestigiados popularmente em suas
regiões, careciam satisfazer as outras condições.
Cumprindo-as todas a Senhora
Aparecida foi a eleita.
Mais recentemente, em junho de 1958,
o papa Pio XII criou a Arquidiocese de Aparecida, com o território
da paróquia do mesmo nome desmembrado da Arquidiocese de São Paulo,
e de outras paróquias retiradas da Diocese de Taubaté.
Não obstante, porém, todas as
promoções em torno da divulgação dos "fatos"
relacionados com a Aparecida, das demonstrações de fé na mesma,
das romarias, de suas imensas riquezas... Não obstante os padres
afirmarem – da boca prá fora – que crêem na aparição
prodigiosa da Senhora Aparecida... Apesar da oferta da Rosa de Ouro
pelo pontífice Paulo VI e sua aparatosa entrega em agosto de 1967...
Apesar de tudo isso, até hoje, o Vaticano se conservou silencioso a
respeito.
Desafio a qualquer padre de Aparecida
a que me apresente um documento do pontífice romano pelo qual haja
pronunciado sobre a autenticidade dos "acontecimentos
prodigiosos" pelo clero divulgado entre o povo.
Eles não aceitam o desafio porque
nem o papa crê nesse "prodígio". Bem ao contrário! Ele
sabe que tudo é falcatrua. E falcatrua tão mal engendrada que nem é
capaz de forjar documentos, tática tão de sua índole.
Só as pessoas fanaticamente
narcotizadas pela idolatria não querem enxergar e continuam devotas
da Aparecida.
A fim de dar aos padres reptados uma
dose de calmante, apresento-lhes o parecer do monge beneditino,
Estêvão Bettencourt:
"AS
AUTORIDADES ECLESIÁSTICAS NÃO SE EMPENHAM POR DEFINIR A
AUTENTICIDADE DE TAIS PORTENTOS, NEM MESMO A DOS EPISÓDIOS
CONCERNENTES À APARIÇÃO DA SENHORA IMACULADA NO PORTO DE ITAGUASSÚ
EM 1717... A SANTA IGREJA, DE MODO NENHUM, ENTENDE FAZER DE TAIS
RELATOS MATÉRIA DE FÉ..."
(in "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" – 71/1963, QUESTÃO 5).
Católico! Não continue enganado!
Use sua cabeça para raciocinar e não
vá mais no conto do vigário! O próprio monge beneditino Estêvão
Bettencourt declara que aquilo tudo não é "matéria de fé".
Ele não crê! Nem o papa e nem os padres prestam fé aos seus
relatos sobre a Senhora Aparecida!
A
SANTACAP, "CAPITAL MARIANA" DO PAÍS
Elevada, em 1958, à categoria de
Arquidiocese, só em 1964 recebeu o seu arcebispo na pessoa do
cardeal Carlos Carmelo de Vasconcelos Motta, até então ocupante do
sólio paulopolitano.
Motta sempre se revelara interessado
em promover Aparecida e, com a habilidade política peculiar ao seu
temperamento, conseguiu da Santa Sé conteporarizasse a nomeação do
seu titular, pois desejava ser ele o investido no munus de arcebispo
da "capital brasileira da fé".
Se envidara esforços para a sua
instalação como Arquidiocese, parecer-lhe-ia justiça instalar-se
ele próprio em seu trono arquiepiscopal, embora 6 anos devessem
decorrer como sede vacante.
Idealizara e empenhara-se em
transformar Aparecida num dos centros católicos mais importantes do
mundo.
Seria nesse intento insuficiente a
devoção popular à Senhora Aparecida. Aliás, aquela efervescência
de fé incrementada pelo IV Congresso Eucarístico de São Paulo,
celebrado em 1942, fora passageiro.
Como arcebispo de São Paulo, a cuja
Arquidiocese pertencia a simples paróquia de Aparecida, Motta notara
na segunda metade da década de 40 o decréscimo do número de
peregrinos em proporção com o aumento populacional do País e com a
imensa propaganda intensificada através da distribuição, sobretudo
às paróquias, de imagens fac-símiles.
Insuficiente a devoção popular como
fundamento para concretizar o seu sonho de criar a SANTACAP, à
imitação dos grandes e antigos centros idólatras do mundo, como
Éfeso com a sua Senhora Diana, em cuja honra se construira uma das
sete maravilhas do orbe, o cardeal Vasconcelos Motta optou pela
construção de um grande e soberbo templo. Uma basílica gigantesca
e de ricas proporções arquitetônicas a se credenciar ao orgulho do
catolicismo brasileiro.
– O maior templo religioso do
mundo depois da basílica de São Pedro, em Roma !!!
A basílica de São Pedro tem 200
metros de comprimento, incluindo-se o pórtico. A de Aparecida, 170.
E, depois dela, vem a de São Paulo,
em Londres, com 158 metros. Esta é seguida do templo de Liverpool,
também na Inglaterra, que mede 154 metros de comprimento.
Seguem-se-lhe o Duomo, em Florença, da Itália, com 150; o de
Colônia, na Alemanha, com 145; o da Imaculada, em Washington, EEUU,
com 137; o Duomo, em Milão, com 135; o templo de Notre Dame,
Chartres, na França, com 133; o de Sevilha, na Espanha, com 129; o
de São João de Latrão, em Roma, com 124; o de São Paulo, no
Brasil, com 100; o de S.Patrick, em Nova Iorque, EEUU, com 99; o de
Santa Maria Maior, em Roma, com 98; o de Bauprais, no Canadá, com 80
metros. A nova basílica de Aparecida, quando inteiramente concluída
terá 170 metros de comprimento por 150 metros de largura, cobrindo
um espaço de 25.500 metros quadrados.
Por sonhar alto, o arcebispo
aparecidólatra inclue no plano completo da obra outros departamentos
inclusive o prédio para a emissora radiofônica e de televisão. Em
conseqüência salta à vista a impossibilidade de se construir no
cume do antigo Morro dos Coqueiros, onde se encontra a atual
basílica, apodada da velha.
Recorde-se o fato de haver sido esta
eregida no alto daquele morro em atenção às exigências da própria
Senhora Aparecida, inconformada de ficar embaixo e, poi isso, "fugia"
da capelinha, indo postar-se lá em cima. As suas repetidas "fugas"
revelaram (?) aos devotos a sua vontade de lhe ser dedicada uma
capela no cocoruto do outeiro, inaugurada, aliiás, em 1745, sob o
hissopo do vigário José Alves Vilela, ao tempo, pároco em
Guaratinguetá.
Esta pequena capela, quando, em fins
do século passado, se incrementara a devoção aparecídica, se
tornara exígua, foi pelo bispo de São Paulo, Dom Lino Deodado de
Carvalho, substituída por um templo maior, ainda, no cume do antigo
Morro dos Coqueiros.
Afigurava-se impossível desagradar a
"santa" e contrariar-lhe a mariana vontade de ser instalada
lá em cima da colina, cujos coqueiros cederam lugar ao casario que
se comprime em suas rampas.
– Constrói-se o templo noutro
lugar... E se depois a imagem aparecida não quiser ficar nela?,
decerto refletia o bispo, que, aos 8 de dezembro de 1888, benzeu a
então nova basílica, hoje reputada velha, por ser anacrônica,
obsoleta e superada.
Ao cardeal Motta, embora se confesse
devoto aparecidiano, falecem aqueles escrúpulos.
– Como se conseguir tamanha
construção lá em cima do Morro dos Coqueiros? Se são necessários
400 mil metros quadrados de área, como derrubar todas as casas
empoleiradas colina acima? Seria acabar com a cidade...
A crer-se nos informes clericais, a
imagem "milagrosa" saiu do lugar, por ela própria
escolhido apenas duas únicas e rápidas vezes: quando de sua
coroação no Rio de Janeiro, em maio de 1931, e, em 14 de julho de
1945, quando, em São Paulo esteve numa manifestação
político-católica.
– Tirar-se a imagem de lá de
sua querida basílica é arriscar-se ao desagrado da Senhora.
Era isso que se proclamava anos
passados.
Se o arcebispo aparecidopolitano e
empreendedor da nova basílica acreditasse no "milagre" de
haver ela própria escolhido o lugar do seu trono no topo da colina,
esta construção seria lá em cima mesmo. Como incorreria em
desobediência à Senhora? Jamais! Nem que fosse para gastar todos os
milhões de cruzeiros depositados pelos fiéis devotos nos cofres aos
seus pés instalados, com o fim de cobrir as desapropriações da
cidade inteira.
Mas a AURI SACRA FAMES – a
sagrada fome do ouro – fala muito mais alto do que todos os
escrúpulos...
E, como resultado, a edificação da
nova e descomunal basílica em outro local, iniciada em 1952, já se
encontra em fase final.
O mais interessante, porém, é que a
Senhora mudou de opinião. Assanhou-lhe a vaidade a grandeza do seu
novo templo. Para ele transportada, decidiu submeter-se à vontade
cardinalícia e se acomodou em seu novo altar erigido num elevado
octogonal, a 1,5m de altura com 9 degraus e 10 metros de diâmetro.
Ela gosta mais do bem-bom das novíssimas instalações...
Hoje, para evitar qualquer comentário
da oposição ou o raciocínio de algum devoto mais inteligente, os
padres deixaram de mencionar em seus relatos aparecídicos a antiga
"vontade" da Senhora fujona.
Nos planos clericais a nova basílica,
pelas suas proporções arquitetônicas e pela sua suntuosidade, deve
se constituir no grande motivo de atração de romeiros a elevar
Aparecida à categoria de principal centro de peregrinação do
mundo, dignificando este País, o mais católico de todos.
Em estilo romântico-moderno, cobre
uma área construída de 25.500 metros quadrados, tendo à sua frente
a Praça das Comemorações de 69 mil metros quadrados com a
capacidade de 300 mil pessoas.
No interior do templo se extendem
três naves de 22 x 40 metros cada, além das naves deambulatórias
ou de circulação de 7 metros de largura cada uma num
desenvolvimento de 340 metros. As capelas sacramentais, onde se
administram os chamados sacramentos do batismo, da confissão, da
confirmação, da eucaristia e do matrimônio, são de 22 x 38 metros
cada.
A torre imponente, levantada na
superfície de 20 x 20 metros, atinge a 100 metros de altura,
abrangendo 16 andares, com 336 janelas de vidro com caixilhos e
venezianas de alumínio e consumiu um milhão e meio de tijolos. Dois
elevadores com capacidade para 60 pessoas transportam os visitantes.
Erguida fora do templo, a ele se liga por uma galeria de 36 metros de
comprimento, 8 de largura e 11 de altura. Como seria impossível
deixar de ser, no interior da torre os padres instalaram um
bar-restaurante e lojas.
Construída a basílica em forma de
cruz grega, a sua cúpula, como uma meia esfera, erguida bem no
centro de toda construção, com o diâmetro interno de 34 metros e a
altura de 60, cobre 2.327 metros quadrados e é revestida de alumínio
anodizado a lhe fornecer uma cor dourada. Esta cúpula sustenta, num
pequeno mirante, uma cruz grega de 3 metros de altura, sob cujo
centro geométrico se eleva sobre 9 degraus, o altar-mor da basílica,
de 10 metros de diâmetro, a ostentar, em nicho de ouro, a imagem da
Senhora Aparecida, a Padroeira do Brasil, recoberta de jóias e
pedrarias preciosas, onde imensa população padece fome e sofre a
carência dos recursos básicos para uma vida digna.
Ao redor deste soberbo altar-mor, em
torno da plataforma, se enumeram 12 pequenos altares a permitir a
celebração simultânea de 13 missas, o supremo culto idólatra do
catolicismo, em homenagem à aparecidolatria.
Por considerarem antiquado o método,
os padres redentoristas responsáveis pela administração da
basílica e pela promoção do aparecidismo, hoje em dia, deixaram de
utilizar tanto as chamadas "santas missões" inculcadas
pelo seu fundador, Afonso de Liguori, nos estatutos da ordem.
Prevalecem-se de meios mecânicos de divulgação, como o jornal e o
rádio.
A Rádio Aparecida, pela sua
potencialidade, se emparelha com a grandeza material da nova basílica
e se capacita a atender os planos de incrementar sempre mais a
aparecidolatria.
Reservaram-se 12 mil metros quadrados
dentro da área dos 400 mil para se erguer um prédio dividido em 3
pavimentos.
O térreo se reserva para um
auditório com a capacidade de alojar 1.500 pessoas, que terão o seu
cinema. No 1º pavimento ficam os escritórios, uma capela e o salão
nobre destinado às reuniões do Clube dos Sócios com cerca de 400
mil arrolados. O 2º andar se destina à instalação de todo o
equipamento da Rádio Aparecida, que deverá ser a mais potente
emissora da América Latina, e da futura TV, com 6 estúdios: um de
gravação de radioteatro, 3 de locução, um de gravação de peças
orquestrais e outro de gravação de discos e fitas – e a
técnica central de comando dos estúdios, além da discoteca, do
departamento técnico e do almoxarifado.
É a técnica da comunicação
superlativamente refinada a serviço da massificação do
aparecidismo, porque, dentro dos prognósticos clericais o brasileiro
deve continuar agrilhoado aos seus embustes.
A SANTACAP, com a sua descomunal
basílica, pretende reviver a idade áurea da Senhora Diana, cujo
templo se contava entre as sete maravilhas do mundo.
Aliás, em Éfeso, aos 11 de outubro
de 431, se deu o início oficial da mariolatria com a proclamação
do dogma de Maria Mãe de Deus.
Nesta era intitulada de
pós-conciliar, quando muitos ainda supõem haver o catolicismo
romano se transformado e aberto mão de certas doutrinas contrárias
à Bíblia, inclusive as relativas a Maria, a religião do papa
recrudesce e reaviva o culto mariolátrico acrescentando-lhe novos
dogmas, como o de Maria Mãe da Igreja, que inclue os da Maria
Co-redentora, Advogada, Medianeira e Adjutrix, proclamado aos 21 de
novembro de 1964.
Recrudesce e reaviva o culto
mariolátrico entre o pobre povo subjugado às suas feitiçarias,
prestigiando os santuários marianos, centros de romarias e
peregrinações.
O próprio papa Paulo VI, em 13 de
maio de 1967, viajou até Fátima, em Portugal com o propósito de
oficializar as comemorações cinqüentenárias daquela Senhora.
À Aparecida ofertou o romano
pontífice uma Rosa de Ouro, trazida por uma cardeal a latere, a
assinalar a passagem dos seus 250 anos.
Dom Humberto Mozzoni, o núncio papal
no Brasil, no dia 5 de julho de 1969, ano de sua chegada, viajou à
SANTACAP no intento de prestar o seu culto pessoal à Senhora
Aparecida. "Vim à cidade de Aparecida, disse ele, para, como
todo o povo brasileiro, venerar Nossa Senhora Aparecida. E colocar
sob sua proteção a minha missão no Brasil"( O Estado de São
Paulo, 6 de julho de 1969).
O Cloncílio Ecumênico Vaticano II
deixou intactas as estruturas romanistas sobre as quais simplesmente
passou uma caiação a fim de lhe dar novos ares. E só!
Deixou outrossim intocáveis os
cediços métodos de envolvimento político tão do gosto
multissecular do clero. Quando, em 1972, o Brasil celebrou o
sesquicentenário de sua Independência, quis ele vincular-se
oficialmente à sua programação. E, para se promover, nada melhor
do que promover a aparecidolatria. Alegou, então, contra todas as
evidências, haver Pedro I estado em Aparecida com o fim de rezar
diante da imagem, na oportunidade em que pernoitou em Guaratinguetá,
quando de sua viagem do Rio de Janeiro a São Paulo, onde proclamara
dias seguintes a Independência de nossa Pátria.
Desprovido de qualquer pejo,
reivindicou o clero a passagem por Aparecida do coração de Dom
Pedro I, quando, em 1972, foi de Portugal trazido em definitivo para
o Brasil.
Desprovido de qualquer pejo e sem o
receio de ser desmascarado porque o povo evita o trabalho de
raciocinar, pois em 1822 nada existia em Aparecida, além da
pequenina e tosca capela no alto do Morro dos Coqueiros, construida
pelo ganancioso padre Vilela. Aparecida continuava ainda incógnita
do beatério. Aparecida era ainda o Morro dos Coqueiros. E só Morro
dos Coqueiros.
As estatísticas dos últimos anos
demonstram intensificar-se entre o nosso povo o culto
aparecidolátrico.
Os números abaixo comprovam nossa
assertiva:
|
ANO
1971
|
ANO
1972
|
BATIZADOS
|
16.303
|
18.892
|
COMUNHÕES
|
1.383.053
|
1.628.140
|
A SANTACAP, de cuja promoção em
larguíssima escala se incumbe a Rádio Aparecida, a SANTACAP,
centralizada agora na soberba basílica, com o aumento crescente dos
romeiros em cada ano, demonstrado no pequeno quadro estatístico
acima, é o atestado gritante de encontrar o catolicismo romano em
polo diametralmente oposto ao Evangelho, o que o torna absolutamente
refratário à Bíblia, a Palavra de Deus.
Catolicismo é idolatria em todas as
suas formas ignóbeis e alienantes de Deus.
O Ecumenismo, pois, é ridícula
fanfarronada.
Ridícula fanfarronada com a vil
missão de assinalar os apóstatas misturados entre o povo de Deus.
A
ROSA DE OURO
No dia 15 de agosto de 1967, ano
comemorativo do 250.º aniversário do encontro da imagem de
terracota no Porto de Itaguassú, a basílica de Aparecida recebeu
das mãos do cardeal Amleto Giovanni Cicognani, legado "a
latere" de Paulo VI, uma ROSA DE OURO, munificência do sumo
pontífice. Esta ocorrência serviu para assanhar a aparecidolatria.
Mobilizaram-se todos os recursos a fim de assinalar o evento com
estrepitosas solenidades.
Esculpida pelo prof. Mário de
Marchis, constitue-se numa jóia. Dois grandes ramos com folhas e
botões de ouro se entrelaçam até o vértice onde se desabrocha a
rosa, também de ouro. No lugar do pistilo da rosa engasta-se um
opérculo, uma cápsula, que contém bálsamo do Peru e pó de
almíscar, significando a fragrância da rainha das flores. Entre os
dois ramos encontra-se esculpido o emblema de Pauilo VI, pois ambas,
a mariolatria e a papolatria, andam de parelha. E na base lê-se a
seguinte inscrição: "Paulus
VI PM – Apparitiopolitanae aedi sacrae B.M. Virgini Imm. –
DD.III Non. Mar. A +
MCMLXVII ".
A outros santuários marianos, como
Guadalupe, Fátima e Lourdes, o pontífice Montini tem, outrossim,
contemplado com semelhante presente régio.
Nós, os brasileiros conscientes da
espoliação sofrida pela nossa Pátria, quando, ao tempo de sua
Colonização, os clérigos carregaram o nosso ouro e transformaram
Portugal num mero entreposto na execução dos seus planos de exorção
e chantagem carreando essa nossa riqueza para os depósitos do romano
pontíficde; nós, os brasileiros conscientes, sentimo-nos indignados
com esse gesto de Paulo VI, pois desejamos que, em nome da Justiça,
ele repare os crimes praticados contra o Brasil, devolvendo todo o
nosso "metal precioso" guardado nos seus cofres vaticanos.
Dispensaríamos de bom grado o envio
da ROSA DE OURO feita com as nossas próprias riquezas há séculos
de nós roubadas.
Se esse presente se constitue num
sarcasmo à Nação Brasileira espoliada em seus bens naturais pelo
clero romanista, a ROSA DE OURO expressa sobremodo o contexto
católico-romano de todas a eras.
Com efeito, expressa o catolicismo
pós-conciliar, ainda mais alvorotado na mariolatria, porque ao
benzer na Capela Sixtina, aquela jóia, em 5 de março de 1`967,
quando a liturgia romana assinalava o IV Domingo da Quaresma, chamado
Dominica Laetare ou Domingo das Rosas, o pontífice declarou na
presença de uma representação brasileira: "No
Santuário de Nossa Senhora Aparecida, ela (a rosa) dará testemunho
de nossa constante oração à Virgem Santíssima para que interceda
junto de seu Filho pelo progresso espiritual e material do Brasil
(...) Vamos a Maria para chegar a Jesus. Amando desse modo Nossa
Senhora, poderemos compreendê-la em sua real grandeza e, através
dela, chegaremos ao Cristo, filho de Deus".
Dispensam-se
profundos conhecimentos bíblicos para se constatar à luz do
Evangelho os absurdos desse pronunciamento do papa.
Se as palavras pontifícias
proferidas na oportunidade da bênção da ROSA DE OURO demonstram a
relutância, a procrastinação, do catolicismo na idolatria, apesar
da farta propaganda de suas reformas levadas a efeito pelo Concílio
Ecumênico Vaticano II; se o envio dessa jóia é um insulto do clero
romano ao Brasil, vilipendiado e espoliado por ele desde os
primórdios de sua Colonização, quando aqui aportaram os primeiros
missionários do embuste, a ROSA DE OURO comprova outra vez ser o
catolicismo, embora rotulado com terminologia bíblica, a continuação
e a sustentação do paganismo antigo.
Catolicismo e paganismo se equivalem
porque são idênticos. Ou melhor, o catolicismo é o nome atual do
paganismo encarregado de enxovalhar os vocábulos mais sagrados,
inclusive o Nome Sacrossanto de Jesus Cristo.
Onde terá ido buscar o catolicismo a
prática de se oferecerem Rosas de Ouro senão no paganismo antigo?
Efetivamente, na mais longínqua
antiguidade o paganismo celebrava a chegada da primavera e a uberdade
da terra com típicas festas populares e cerimônias religiosas aos
seus deuses, destacando-se as procissões quando o povo levava
braçadas de flores e as depositava nos altares dos seus templos.
O catolicismo, ao encampar quase
todas as práticas do seu antecessor pagão, adotou também essas
comemorações. Na Idade Média, quando o romanismo usufruiu o seu
apogeu, recebia-se a primavera como a vitória sobre o inverno com
procissões presididas por sacerdotes e bispos, em que os fiéis
desfilavam portando flores colhidas nos campos e jardins,
cristalizando-se assim o costume pagão.
No século X a festa passou a ser
celebrada no IV Domingo da Quaresma, Dominica
Laetare, que
sempre cai no princípio da primavera da Europa. Este domingo se
apresenta como um parêntesis de alegria no tempo penitencial da
Quaresma, o período precedente à semana chamada santa.
Neste dia, então, o papa em Roma
presidia a procissão das rosas – daí o domingo se cognominar
também o Domingo das Rosas – levando uma ROSA DE OURO com a
determinação de oferecê-la a altos dignatários, igrejas ou
instituições religiosas.
Encontra-se uma referência
documental do ano de 1049 do fato de haver o papa Leão IX lembrado
"a obbrigação determinada ao mosteiro das religiosas de Santa
Cruz de Tulle (Alsácia), em recompensa de terem sido isentas da
jurisdição do bispo local e sujeitas diretamente ao sumo pontífice,
do envio anual de uma Rosa de Ouro ou de doze onças do precioso
metal" – que o papa destinaria, posteriormente, a
eventuais ofertas.
A prática de se oferecer a Rosa de
Ouro a santuários, catedrais, igrejas, dignatários eclesiásticos,
príncipes, reis, imperadores, firmou-se como tradição e
multiplicou-se enormemente durante o período de permanência dos
papas em Avinhão (1305 – 1378). Dessa época, quando se
compôs a fórmula de sua bênção especial, expressando os seus
simbolismos, até o século XV, a dádiva consistia apenas em uma
rosa que, freqüentemente, tinha também uma pedra preciosa
incrustada.
A partir desse século, especialmente
depois do papa Sixto V (1471 – 1484), acrescentaram-se-lhe
ramos, folhas e botões, mantendo-se, com freqüência, as
incrustações de pedras de rara beleza e alto valor.
Têm sido oferecidas rosas
valiosíssimas. Sabe-se lá quanto ouro brasileiro, transubstanciado
nessas flores, já anda espalhado mundo afora, enquanto nosso País
se submete a ingentes sacrifícios na ânsia e na busca de melhores
condições, que o libertem do subdesenvolvimento.
Em 1886, Leão XIII, num impulso
escandaloso de munificência perdulária, ofereceu à Rainha
Cristina, regente da Espanha, uma Rosa de Ouro composta de 9 flores,
12 botões e 100 folhas – tudo em ouro – sobre um vaso
artisticamente trabalhado.
E sendo a Aparecida um capítulo
integrante da estrutura idólatra do catolicismo, fica-lhe bem uma
Rosa de Ouro, reminiscência de antigas práticas pagãs...
Com a rósea e áurea honorificência,
"o papa deseja honrar a riqueza espiritual do Brasil".
Ofereceu-a ao santuário de Aparecida
por se concentrar no culto a Maria toda essa riqueza.
Sua entrega, a fazer juz ao seu valor
intrínseco, ao seu simbolismo e à sua finalidade, deveria
revestir-se de grande pompa.
Começaram estas com a especial
dinstinção de ser o portador da preciosa jóia, o cardeal Amleto
Giovanni Cicognani, designado pop Paulo VI o seu legado "a
latere" para vir de Roma ao Brasil investido no munus de, em seu
nome, depositá-la no altar da Senhora de terracota.
O clero mobilizou todo o seu arsenal
de recursos no sentido de recepcionar, à altura de sua dignidade, o
cardeal legado. Em sendo outrossim o papa chefe de um Estado, o
Vaticano, cabia ao Governo Brasileiro a tarefa de distinguir o
"nobre" representante com as honrarias atibuídas aos
chefes de Estado.
A sagacidade do clero é
inexcedivel... Juntaram-se dois acontecimentos: o religioso e o
político. Entrelaçaram-nos os padres, porque, na conformidade de
seus propósitos, o acontecimento religioso do 250.º aniversário de
Aparecida deveria provocar um acontecimento político a envolver as
mais destacadas autoridades da Nação. Governadores Estaduais,
chefes militares, ministros e o próprio Presidente da República, o
Marechal Costa e Silva, lá compareceram no dia 15 de agosto de 1967.
O pontífice, o soberano do clero, ao
enviar a ROSA DE OURO como símbolo religioso, aproveitou a
oportunidade para, como chefe de Estado do Vaticano, estreitar
relações políticas com os políticos brasileiros. Nesse intento,
pois, ofereceu ao Presidente Costa e Silva um crucifixo de ouro
trabalhado, do século XIX, que pertencera a um célebre poeta
francês. Esta peça riquíssima fica assentada num pedestal de
oliveira.
Ao Governador Abreu Sodré, de São
Paulo, enviou uma medalha também de ouro.
Quanto ouro! E se propala a notícia
sobre a pobreza dos padres...
O Presidente da República
compareceu. Fizera-se acompanhar de sua esposa. Blindara-o rígida
segurança sob a responsabilidade de 1.800 policiais.
Por acaso faltaria à Senhora
Aparecida poder para protegê-lo?
De fato, alguns incidentes provocaram
deapontamentos.
O Presidente chegou de avião no
aeroporto da Escola de Especialistas de Aeronáutica de
Guaratinguetá. Muitos jornalistas o aguardavam. À última hora,
porém, cancelou-se o valor das credenciais fornecidas pelo Comando
da Escola e os rapazes da imprensa ficaram impedidos de se
aproximarem do Supremo Mandatário da Nação.
Na via Dutra, porque o legado do papa
fora de automóvel de São Paulo a Aparecida, 7 km antes de São José
dos Campos, três dos carros da comitiva do cardeal se chocaram
causando vítimas.
A grande massa popular postada fora
da basílica no aguardo do pontifício "a latere", sofreu a
inclemência da chuva intermitente e imprevista. E o acidente
automobilístico provocou o atraso da chegada do cortejo
cardinalício, obrigando os devotos à penitência mais prolongada
das intempérides metereológicas.
Estas ainda motivaram à última hora
alterações em todo o programa.
Os aborrecimentos, todavia, foram um
pouco compensados com alguns incidentes jocosos.
"A Folha de São Paulo" (16
de agosto de 1967) relata: "Enquanto
o cardeal-legado não chega, o padre Antonio Siqueira, vigário da
basílica, fica no microfone. É quem provoca alguns sorrisos do
Marechal e muitos da assistência. Seu apelido é "Dom Camilo",
por sua semelhança física e modos 'acaipirados' de se dirigir ao
público. Durante uma hora fez o povo dar vinte vivas a Nossa Senhora
Aparecida, ao Presidente, ao cardeal-legado, às autoridades, a todo
mundo. Depois da cerimônia, voltaria a puxar vivas e alertar, pelo
microfone, os romeiros sobre o perigo de ladrões por lá".
É! Ao Exército sobravam razões
quando montou um dispositivo policial tão rígido em torno da pessoa
do Presidente.
Se junto da Senhora Aparecida, há
tantos ladrões que numa solenidade importantíssima, o vigário da
basílica se vê na contingência de prevenir os fiéis contra os
"lanceiros", por que confiar na "santa"? Se ela
não protege os seus devotos dos ladrões, acaso protegeria o
Presidente de algum terrorista?
Ainda em seu exemplar de 16 de agosto
de 1967, "A Folha de São Paulo" conta: "Durante
a cerimônia religiosa, Costa e Silva saiu do seu ar sério e
compenetrado. Um padre, junto com Dom Antonio Macedo, lhe trouxe, em
pergaminho, a ata da solenidade da entrega da Rosa de Ouro".
Queria seu
autógrafo no pergaminho, depois pediria o de todas as autoridades
civis ali presentes...
O Presidente não conseguia escrever
com a pequenina caneta, especial para tinta nanquim. E borrou a sua
assinatura depois de várias tentativas. Rindo, disse ao padre que,
"quando virem isso, vão pensar que o Presidente era
analfabeto".
A "sagrada fome de riquesas"
rói o coração do clero. Dineiro é a sua máxima preocupação.
Enquanto fotógrafos e cinegrafistas, durante as solenidades,
procuravam fixar o legado papal nos mais diversos ângulos, o então
núncio apostólico, Dom Sebastião Baggio, comentou em italiano: "se
cada foto valesse um dólar, V. Excia. seria milionário".
Exposta na basílica de Aparecida,
junto com a suntuosidade do templo e junto com a imagem, o móvel
central de tudo, a Rosa de Ouro, "símbolo de Maria, a Rosa
Mística, invocada na Ladainha Lauretiana", se tornou também
objeto de culto.
Diante dela os pobres devotos se
ajoelham e através dela almejam obter bênçãos da padroeira.
Com os intestinos roncando de fome se
prostram diante do ouro...
Jesus multiplicou pães para saciar
os famintos e o papa multiplica rosas de ouro para, insultando a
pobreza, agrilhoar as almas na escravidão da idolatria.
Esquece-se o papa do Precioso Sangue
de Cristo, o Cordeiro Imaculado e Incontaminado... E exibe ouro, como
se ouro pudesse resgatar o pecador de sua vã maneira de viver (1
Pedro 1:18-19).
Ao mencionar a "vã maneira de
viver", o apóstolo Pedro se referia ao culto de imagens taxado
pela Bíblia com as expressões mais contundentes como mentira,
idolatria, falsidade, engano, adultério, prostituição e vaidade.
A
SANTACAP, CENTRO DE TURISMO
"A Capital Brasileira da Fé"
é considerada um dos maiores centros de peregrinação do mundo.
Eis o motivo principal para
transformá-la num grande local de turismo.
Como se encontra, a cidade de
Aparecida é um escândalo de miséria. Miséria de higiene nos
insuficientes restaurantes. Miséria nos sanitários integrados numa
miserável e obsoleta rede de esgotos que despeja o volume de
detritos no Rio Paraíba, emporcalhando as águas onde fora
descoberta a rica imagem e que serve para dessedentar e envenenar a
população. Miséria de água, porque além de poluída, se esforça
por chegar às torneiras através de um serviço hidráulico de mais
de 30 anos passados. Miséria de planejamento, a causa de subir o
casario colina acima, saturando desordenadamente a topografia.
Um grupo investidor da Capital
Paulista decidiu aplicar bilhões de cruzeiros no intento de tornar a
cidade-santuário no principal centro de atração turística e
religiosa da América do Sul.
"Empreendimentos Nossa Senhora
Aparecida" é a sociedade limitada que se propõe a, numa área
de 40 alqueires, construir o Parque de Aparecida, o super-centro
turístico-reeligioso.
Nele encontrar-se-á tudo para uma
permanência mais prolongada dos romeiros e turistas na cidade.
Planejam-se terrenos ajardinados,
arborizados e urbanizados, com locais próprios para as crianças
brincarem e guardas especialmente treinados para cuidar delas.
Uma lagoa com barquinhos, aves
decorativas e pequenos iates para passeios fluviais pelo Paraíba
completarão o panorama ecológico.
Um jardim zoológico e outro botânico
exibirão a fauna e a flora brasileiras.
Um museu iconográfico exporá as
imagens mais veneradas em todas as regiões do Brasil.
Capelas votivas recolherão os
ex-votos. Reproduzir-se-ão os mais famosos santuários do mundo
(Fátima, Lourdes, Guadalupe, El Pilar e Luján) facilitando a
organização de festas religiosas com a participação das colônias
correspondentes no Brasil.
Lances da História Pátria serão
recordados na cidade colonial, com instalações nos moldes da
Disneylândia, que reproduzirão fortes e outras construções do
Brasil Colônia, e pequenas lagoas terã réplica das caravelas de
Cabral.
Uma estação rodoviária, dotada de
"shopping center" bares e restaurantes, receberá os ônibus
de excursão. Repetir-se-ão por todo o Parque as casas de lanche,
churrascarias, estacionamentos e postos de serviço.
Instalar-se-ão motéis para
hospedagem de famílias com carros em pequenos bangalôs.
Um enorme e confortável hotel
oferecerá acomodações completas para as classes A e B.
Um teatro com concha acústica e
auditório ao ar livre apresentará peças de temas religiosos,
cívicos, clássicos e folclóricos, e também concertos musicais,
danças típicas e missas campais.
Charretes e trenzinhos conduzirão os
devotos-turistas a diversos passeios. Um bondinho aéreo do tipo
monotrilho circulará por toda a extensão do Parque e também fará
ligação com as duas basílicas, propiciando nas estações elevadas
mirantes e bares.
A Associação dos Romeiros de
Aparecida, uma entidade religiosa já existente, terá a sua sede
social, com restaurantes, piscinas, salas de repouso e de leitura,
campos e quadras para a prática de esportes diversos, auditório,
cinema, capela e outras dependências.
O grupo "Empreendimentos Nossa
Senhora Aparecida" lançou em fins de 1967 o projeto
mirabolante.
No dia 6 de janeiro de 1968, o
cardeal Agnelo Rossi, então arcebispo de São Paulo, celebrou missa
no Mosteiro de São Bento a impetrar o amparo da Senhora Aparecida
sobre os idealizadores presentes e genuflexos. Benzeu a maquete e os
projetos da ARA ("Associação dos Romeiros de Aparecida")
e entronizou a imagem aparecídica nos escritórios centrais da ENSA
("Empreendimentos Nossa Senhora Aparecida"), instalados em
São Paulo, à Rua Boa Vista, 314.
Fecundados os projetos e os planos
com as bênçãos cardinalícias de Agnelo Rossi, a ENSA passou a
promover a venda de quotas de valor imobiliário e comercial capazes
de oferecer o direito à participação nos lucros em forma de renda
mensal crescente e reajustável.
A vasta propaganda feita pela grande
imprensa, sob o título: "VAMOS TRANSFORMAR APARECIDA NA MAIOR
CIDADE-SANTUÁRIO DO MUNDO", anunciava: "O preço de
lançamento da QUOTA TOTAL é de Cr$655,00, fixo e não reajustável,
a ser pago da seguinte forma: Cr$55,00 de entrada e 30 prestações
mensais de Cr$20,00.
Propunha-se a ENSA dar imediato
início às obras, que deveriam ser entregues por etapas e concluídas
totalmente até 1970.
Decerto a bênção de Agnelo Rossi
redundou em maldição, pois já nos encontramos em fins de 1974,
quando se prepara a 10ª Edição deste livro, e as obras nem
começadas foram. Continuam restritas à maquete e aos engavetados
projetos.
Quem sabe se no futuro outra bênção
cardinalícia será mais forte do que a do Rossi ou a Senhora
Aparecida se compadecerá de outros empreendedores propiciando-lhes a
exploração de um negócio rendosíssimo.
OS
MILAGRES DE APARECIDA
O melhor processo criado pelo inferno
para enganar os inadvertidos, anestesiar a consciência do pecador e
confundir a pureza límpida do Evangelho foi o dos "prodígios
miraculosos".
O milagre autêntico só pode ser
realizado pelo poder de Deus, pois se trata de um fenômeno que se dá
além ou acima das leis da natureza, mudando o seu curso normal num
caso particular.
Jesus ao praticar muitos milagres
tinha em mira patentear a Sua Divindade. Nicodemos mesmo reconheceu-a
por isso (João 3:2).
O cristão aceita o milagre, porém,
dentro das normas da Bíblia, a sua Única e Exclusiva Regra de Fé e
Prática religiosa.
Portanto, todo o prodígio contrário
às normas e aos ensinamentos da Revelação Divina contida na
Bíblia, não procede de Deus. Com efeito, Deus ameaça com terríveis
castigos aqueles que acrescentarem ou retirarem dela qualquer coisa
(Apocalipse 22:18–19). Ninguém tem o direito de acrescentar nada à
Palavra de Deus e quem o fizer é mentiroso (Provérbios 30:6).
Em matéria religiosa, tudo o que
estiver fora da Bíblia é um acervo de mentiras.
Satanás tem muito interesse em
perverter as almas, apresentando-lhes doutrinas espúrias, contrárias
à Revelação de Deus. Os seus sequazes andam soltos, fazendo
prodígios até em nome de Deus!
Relativamente a estes é que Jesus
advertiu: "Muitos Me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não
profetizamos nós em Teu Nome, e em Teu Nome não expulsamos demônios
e em Teu Nome não fizemos muitas maravilhas? E, então lhes direi
abertamente: nunca vos conheci; apartai-vos de Mim, vós que
praticais a iniqüidade" (Mateus 7:22–23).
Esses prodígios são iniqüidade!!!
Mesmo feitos em Nome de Deus, mas contra Sua Santíssima Vontade
revelada na Bíblia!
É uma iniqüidade o que o clero
pratica no Brasil, Ludibriando o povo!
A Bíblia é categórica em
proclamar: "Há um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus
Cristo, homem" (1 Timóteo 2:5).
A Bíblia é peremptória ao
preconizar: "De tanto melhor concerto Jesus foi feito fiador...
Portanto, pode também salvar perfeitamente os que por Ele se chegam
a Deus, vivendo sempre para interceder por eles" (Hebreus 7:22 e
25).
A Bíblia, repito, é explícita ao
anunciar: "...se alguém pecar, temos um Advogado para com o
Pai, Jesus Cristo, o justo. E Ele é a propiciação pelos nossos
pecados..." (1 João 2:1–2).
Todo o Novo Testamento revela a Total
Suficiência de Jesus Cristo, como Salvador, Mediador e Advogado.
Enganaram-se muitos evangélicos ao
supor que o romanismo com o seu Concílio Ecumênico Vaticano II
estaria disposto a reformar suas doutrinas nefastas, aproximando-se
da Palavra de Deus e aceitando Jesus Cristo como Único e
Todo-Suficiente Salvador, Mediador, Intercessor e Advogado.
O romanismo, porém, confirmou os
seus velhos dogmas, contrários à Bíblia e engendrou outros...
Negando ao Nosso Bendito Salvador a
exclusividade restrita e conseqüente de todos aqueles atributos, em
discrepância absurda da Bíblia, exalta Maria como advogada,
auxiliadora, protetora, medianeira, aberrando dos ensinamentos claros
de Deus.
Engajada nesse mesmo torvelinho de
heresias está a Senhora Aparecida sobre quem o cardeal Vasconcelos
Motta, arcebispo de sua Arquisiocese, escreveu, em 1º de janeiro de
1967, para comemorar o 250º aniversário da falcatrua, uma carta
pastoral, classificada pelo chaleirismo do órgão católico: "O
São Paulo" (22 de janeiro de 1967) como "um tesouro de
magistério".
Nesse "tesouro de magistério"
– magistério do inferno porque absolutamente contrário à
Revelação Divina e, ignominiosamente depreciador de Jesus Cristo!
– nesse "tesouro de magistério", repito, falando
da Senhora Aparecida, como medianeira, advogada e intercessora,
saiu-se o cardeal aparecidopolitano com esta heresia blasfema: "Ora
intercedendo por nós, embora pecadores, a maior santidade, o maior
nome e a maior dignidade, como poderá resistir a Justiça Divina ou
negar a Sua Misericórdia a uma tão forte, suave e poderosa
intercessão? Intercessão é o meio entre dois extremos; para ser
poderosa e eficaz, há de tocar a ambos: Deus, a quem intercede, e os
pecadores, por quem intercede. E a Senhora posta entre Deus e os
pecadores, quão chegada é a um e a outro extremo? É tão chegada a
Deus que só lhe falta ser Deus; é tão chegada aos pecadores que só
lhe falta o pecado".
Confrontem-se
essas expressões pós-conciliares com a doutrina de Deus demonstrada
nos versículos bíblicos acima citados. São incompatíveis!
Torna-se evidente que os "milagres"
da Aparecida não procedem do poder de Deus porque não são
consentâneos com a Sua Vontade expressa em Sua Revelação, a Bíblia
Sagrada.
Procedem, sim, do inferno para
perverter as almas! Constituem-se na marca da apostasia!!!
Os seus pregoeiros e divulgadores se
aliam com os falsos profetas referidos por Jesus Cristo (Mateus
24:24).
A religião dos crendeiros
aparecidanos consiste em fazer promessas e esperar milagres.
Anestesiados pelas mentiras ridículas
com que os padres os ludibriam, por qualquer pretexto, fazem seus
votos à "santa" pescada em Itaguassú.
A excêntrica "sala de milagres"
revela como são entorpecidos na prática de uma religião de fábulas
e embustes.
O devoto faz a sua promessinha de
mandar uma fotografia para ser exposta na "sala dos milagres",
mas, ao mesmo tempo, coloca na pereba a pomada que o "doutor"
receitou. Quando sara, foi milagre da Aparecida. Se não melhora, o
médico é que não presta!
A moça se apavora com a
possibilidade de ficar solteira e embarca, para se livrar dessa
conjuntura, no primeiro bonde que aparece; e manda as tranças dos
seus cabelos, como ex-votos, para serem dependuradas na "sala
dos milagres". Quem lucra são os padres porque as vendem
caríssimo aos fabricantes de perucas...
Um time de futebol sagra-se campeão
de qualquer torneio, os seus jogadores vão em romaria, levar à
"incomparável" as esmolas das promessas.
No concurso de miss-Brasil, em 1956,
ouvi pelo rádio o general Porfírio da Paz, devotíssimo
aparecídico, invocar as bênçãos da Senhora Aparecida em favor das
beldades semi-nuas.
Durante três anos freqüentei
assiduamente a basílica e jamais vi um milagre...
Milagre, milagre mesmo, isto é,
ressuscitar um morto, como Lázaro (João 11:1-45), dar vista a um
cego de nascimento (João 9:1-7), fazer aparecer um braço no lugar
do amputado, colocar um pulmão novo no lugar do extraído... ela
nunca fêz!
A Senhora Aparecida é tão incapaz
em matéria de milagre que é uma coitada! Garanto que, se cair so
seu nicho, espatifar-se-á no chão!!!
A sua cidade está cheia de
aleijados, estropiados e cegos a mendigar pelas ruas. Se os padres
abastados de ouro e dinheiro não os socorrem porque são avarentos,
a Senhora Aparecida, de sua parte, nem lhes dá atenção aos
gemidos.
Ela é tão coitada que não tem
poder nem de curar de lombrigas as crianças dos seus devotos. Por
isso, a sua emiossora faz propaganda de vermífugos.
Frustra-se o diabético que se
socorre de sua valia... Os padres da basílica, então, reconhem-na
tão fraquinha que, por meio do seu jornal, lhe recomenda o "corpo
medicinal".
Reconhecem-na tão ineficiente que,
aos devotos alcoólatras, aconselham produtos farmacêuticos.
O "Santuário de Aparecida",
"órgão oficial da Basílica Nacional de Nossa Senhora
Aparecida", desapontou-se tanto com a impotência da
"incomparável" milagrenta que, a par da propaganda de
produtos farmacêuticos, veiculada em suas poucas e desengonçadas
páginas, abriu um "Consultório de Medicina Caseira", sob
a responsabilidade do Frei Esculápio.
Ainda mais desapontados devem estar
os seus devotos com a retumbante demonstração de impotência da
"incomparável senhora" verificada na oportunidade da fuga
da ursa "Negrito" de sua jaula.
Os supersticiosos cismam com o dia 13
e pior ainda quando cai de sexta-feira. Para aumento do medo deles o
fato ocorreu no dia 13 de setembro, sexta-feira, de 1968.
Um cidadão aparecidólatra,
residente em Avaré, Estado de São Paulo, leu esse fato numa das
edições anteriores deste livro. REvoltado, quis uma entrevista
comigo. Interrogado sobre a fonte de informação a respeito,
retruquei-lhe com a pergunta sobre o jornal que considerava mais
sério e absolutamente idôneo em suas notícias.
Respondeu-me ser "O Estado de
São Paulo", "um dos jornais mais importantes do mundo".
Eis o relato desse órgão da
imprensa paulista em seu exemplar de 14 de setembro de 1968:
"A ursa 'Negrito' escapou ontem
de manhã de sua jaula no Zoológico de Aparecida do Norte, impôs à
cidade três horas de pânico e medo, e acabou sendo capturada graças
à habilidade do "capitão Álvaro", domador do Circo
Berlim, ora se exibindo na cidade. Uma guarnição do Corpo de
Bombeiros e tropas da Força Pública e da Escola de Aeronáutica
foram enviadas com urgência ao local".
Depois de pormenorizar a fuga,
prossegue o órgão:
"A notícia espalhou-se, rápida,
pela cidade, causando pânico. O socorro veio rápido também: Corpo
de Bombeiros, soldados da Força Pública e da Escola de Aeronáutica
da FAB, e todos os que supunham ter condições de ajudar. Evitou-se
atirar em 'Negrito', mas o trabalho para recapturá-la foi exaustivo
e cheio de perigos. Por volta de meio-dia e meia todos já estavam
ficando exaustos e desalentados, quando o domador 'Capitão Álvaro',
usando o laço com habilidade, conseguiu imobilizar a fera. Sangrando
um pouco no focinho, 'Negrito' voltou à jaula, vigiada, agora, com
atenção redobrada".
Por que a mobilização de tantas
forças? Por que tamanho aparato bélico?
Lá não estaria a "santa"
Aparecida para proteger os habitantes da cidade onde se instalou o
seu trono? Não é ela a "incomparável" protetora?
Acaso assustara-se a Cidoca com os 2
metros de altura e os 480 kg de peso da fera, que come, por dia, 40
kg de polenta, 20 de maçãs, 5 de verduras e 1 litro de mel?
A "incomparável" protetora
nem se apiedou do pobre veadinho-campeiro estraçalhado pela ursa,
que, na hora da fuga, o arrancou da jaula.
Porque nenhum aparecidense confia
realmente na "santa", o alívio só aconteceu quando todos
se certificaram do reenjaulamento do animal feroz.
A Senhora Aparecida, no entanto, foi
desmoralizada na sua impotência com a manchete de alguns jornais:
"Ursa Causa Três Horas de Pânico" (O Estado de São Paulo
de 15/9/68); "Diabo Esteve à Solta 3 Horas em Aparecida do
Norte" (Diário da Noite, de igual data).
Em Aparecida se concentram, por ser
excelente mercado, numerosos vendedores de bilhetes de loteria
federal. Preferem os devotos-romeiros fazer a sua fezinha na SANTACAP
porque, quem sabe, o palpite será abençoado pela "incomparável"
Senhora com a sorte grande. No dia da fuga da "Negrito"
todos os gasparinos foram vendidos e os bilheteiros ficaram
imposssibilitados de atender o enorme volume da procura. O resultado
da loteria, porém, desapontou os apostadores: não "deu urso"!
A SANTACAP é o reduto da idolatria
com todas as suas trágicas conseqüências.
Como IDOLATRIACAP é ROUBOCAP.
EXPLORAÇÃOCAP. MISÉRIACAP. PROSTITUIÇÃOCAP. DESGRAÇACAP.
Os ladrões e marginais agem dentro e
fora da basílica. Lá estão os lanceiros batendo carteiras. E que
autoridade têm os padres redentoristas se querem coibir semelhantes
crimes? Se eles exploram a credulidade pública!
A exploração desbragada campeia no
comércio. Nas lojas, inclusive dos clérigos, o que controla o preço
é a aparência do freguês, que nem sempre consegue nota fiscal da
mercadoria comprada.
Faz milagres a Senhora Aparecida? Por
que, então, não purifica o ar de sua cidade, empestado pelo mau
cheiro exalado do Rio Paraíba, onde se despeja o esgoto da cidade?
Por que ela não cura os miseráveis
que se arrastam, mendigando, pelas ruas, como opróbio da humanidade?
Será que tão dolorido espetáculo não a comove?
Por que ela não faz o milagre de
converter os padres em seres mais humanos?
Por que ela não sensibiliza os seus
devotos romeiros excitados pelas raparigas, em número elevadíssimo,
impedindo-os de entrar nos bordéis, onde se corrompem os corpos com
a sífilis e doenças venéreas?
Por que ela não regenera essas
desgraçadas mulheres traficantes de suas próprias carnes? Essas
mulheres que se instalam em Aparecida exatamente por ocorrer lá
maior procura do que a oferta?
Sim! A responsabilidade de tantas
misérias materiais e morais recai sobre a idolatria, ensinada,
divulgada, incrementada e explorada pelo clero...
A Senhora Aparecida é uma
"incomparável" ingrata! Permite que recaiam sobre a sua
cidade e o Vale do Paraíba as piores desgraças justamente quando
lhe são oferecidas as mais solenes homenagens.
Não se constrói agora a sua grande
basílica, um dos templos mais soberbos do mundo?
O povo não tem aumentado as romarias
em sua honra, quando em multidões se prostra adorante aos seus pés?
Não lhe foi oferecida uma ROSA DE
OURO, símbolo do seu título de Rosa Mística e munificência do
papa, o cognominado vigário de Cristo na terra?
Para o seu culto o povo pobre não
tira da miséria dos seus filhos?
Ingrata!!! Sim, ingrata, mil vêzes
ingrata que ela é!!!
No Vale do Paraíba nunca se ouviu
falar em esquistossomose. Mas, em 1953 – no ano seguinte ao do
início das obraw da nova basílica – aconteceu o primeiro caso. E
hoje a esquistossomose infesta todo o Vale do Paraíba. A praga está
ali debaixo dos olhos da "miraculosa" Senhora, minando a
saúde de milhares e milhares de pessoas.
Já em 1967, no ano da entrega da
ROSA DE OURO, o Instituto Adolfo Lutz, de Taubaté, informou haver na
região da Senhora Aparecida, 2.161 casos comprovados de doentes de
esquistossomose, distribuidos da seguinte forma, cidade por cidade:
Taubaté:
|
474
|
|
Roseira:
|
359
|
|
Jambeiro:
|
30
|
|
Monteiro
Lobato:
|
2
|
Tremembé:
|
107
|
|
Guaratinguetá:
|
40
|
|
S.J.dos
Campos:
|
243
|
|
Cachoeira
Paulista:
|
2
|
Pindamonhangaba:
|
500
|
|
Lorena:
|
7
|
|
Santa
Branca:
|
14
|
|
Quiririm:
|
1
|
Aparecida:
|
118
|
|
Caçapava:
|
152
|
|
Jacareí:
|
4
|
|
Redenção
da Serra:
|
5
|
Note-se: a incidência do mal se
acentua nas cidades mais próximas de Aparecida. Roseira, a mais
próxima, por exemplo, dentre todas, se não é a menor, é uma das
menores. E, em 1967, apresentou 359 casos diagnosticados!
A ingrata recompensou a sua região,
em 1968, logo depois de haver recebido a rósea e áurea
honorificência pontifícia, com uma longa seca.
Pelo seu poder de "incomparável
Senhora" se vinga dos devotos valendo-se até da meteorologia.
Em Dezembro de 1967, a leitura mínima do nível do Rio Paraíba foi
de 2,66m. Em 1968, no segundo domingo de dezembro, o rio tinha o seu
nível fixado em 1,50m; caindo no dia 16 para 1,48m pela manhã e
1,40m à tarde.
A barragem de Santa Branca,
pertencente ao grupo Light (a grande empresa da energia elétrica dos
principais centros industriais e populacionais do País: São Paulo e
Rio de Janeiro), é uma das obras regularizadoras do Rio Paraíba.
Seu objetivo é o de gerar energia nas usinas que integram o
aproveitamento do Ribeirão das Lajes, abastecendo várias
indústrias, como a Usina Siderúrgica Nacional, sediada em Volta
Redonda. Sua capacidade é de 424 milhões de metros cúbicos por
segundo e sua vazão média, no local da barragem, é de 78 metros
cúbicos por segundo. Em 1968, porque os índices pluviométricos
foram muito abaixo do normal, faltou água para cobrir aquela
capacidade, provocando enormes prejuízos às populações
trabalhadoras da região e ao próprio País.
Se a ingratidão da "santa"
se revelou nessa longa estiagem, manifestou-se também com o forte
temporal desabado durante meia hora apenas, em 26 de dezembro de
1968, inundando toda a parte baixa de Aparecida, e derrubando, em
conseqüência, muitas casas. Casas dos pobres. Daqueles que
conservam afixada na porta ou na parede da sala, a oração: "Oh,
incomparável Senhora..."
Retribuiu a Senhora o início das
obras de sua majestosa e arquibilionária basílica, em 1953, com o
início da esquistossomose no Vale do Paraíba, a proliferar
assustadoramente. Que se cuidem as autoridades sanitárias porque da
Senhora Aparecida, os seus devotos só podem esperar ingratidão. Que
se cuidem essas autoridades porque de Aparecida as multidões de
romeiros ávidos das "graças", voltarão para suas
cidades, levando, como desgraçado presente o vírus da
esquistossomose...
Retribuiu a Senhora a ROSA DE OURO
com aquela longa estiagem e com a troba d'água.
Terá a ingrata retribuído também a
criação de sua Arquidiocese?
É claro! Em 1958, o ano da
instalação da Arqudiocese de Aparecida, aconteceu no Vale um estado
de calamidade pública com a proliferação da raiva demosdina
(semelhante à raiva canina, conhecida também como "hidrofobia").
É uma doença infecto-contagiosas e se inclue entre as zoonoses,
isto é, transmite-se dos animais ao homem, tornando-se letal.
Primariamente, é transmitida por morcegos hematófagos (que se
alimentam de sangue). Pode, ainda, ser transmitida por outras
espécies de morcegos, como os insetívoros (devoradores de insetos)
e frugívoros (que se alimentam de frutos).
Uma das características do vírus é
o seu tropismo especial pelo sistema nervoso (aloja-se de preferência
nos centros nervosos da vítima) e ai, em seu reduto preferido, não
pode ser combatido e o enfermo (animal ou pessoa) morre.
O único combate à enfermidade é o
preventivo por meio de séria profilaxia, porque, uma vez
manifestada, é impossível a sua cura.
Rebanhos de gado, em todo o Vale do
Paraíba, ali nos redutos da "milagrosa", foram dizimados.
Muitas famílias se cobriram de luto com a morte de seus membros,
embora, desesperadas, clamassem valimento da ingrata "incomparável
protetora"...
Em 1968, além da estiagem e da
tempestade, os focos de morcegos portadores do vírus da demosdina,
cooperaram com a ingrata, cuja basílica havia sido enriquecida com a
ROSA DE OURO, espalhando outra vez o terror nas regiões
aparecídicas.
A Senhora Aparecida faz-nos lembrar o
mandamento do Senhor: "Não
farás para ti imagem de escultura, nem alguma semelhança do que há
encima nos céus, nem embaixo da terra, nem nas águas debaixo da
terra. Não te encurvarás a elas nem as servirás; porque eu, o
Senhor Deus, sou Deus zeloso, que visito a maldade dos pais nos
filhos até a terceira e quarta geração daqueles que Me aborrecem,
e faço misericórdia em milhares aos que Me amam e guardam os Meus
mandamentos:
(Êxodo 20:4–6).
Deus não tem o culpado por inocente
(Êxodo 34:7). E a Sua Glória não dá a outrem (Isaías 48:11). Nem
à Senhora Aparecida! E muito menos à Senhora Aparecida!!!
A "santa" aparecida no
Porto de Itaguassú, em 13 de outubro de 1717, foi um estratagema do
falsário e ambicioso clérigo José Alves Vilela. A sua trapaça,
porém, foi tão mal feita que o clero, nesse legado de abusões, não
encontrou ainda elementos para transformar a fraude em matéria de
fé. Até mesmo para esconder a estátua disforme, cobre-a, de alto a
baixo, com um manto azul, preso com a coroa de ouro, o que lhe dá o
formato de um triângulo.
Apesar de tudo, porém, vão os
padres enganando o povo crendeiro.
A atitude favorável a essa devoção,
por parte do clero, visa exclusivamente a exploração comercial dos
supersticiosos.
O monge beneditino, Estevão
Bettencourt, sócio dessa empresa de especulação da credulidade
pública, afirma que "a
bem da verdade, deve-se notar que tal atitude favorável é
independente de qualquer pronunciamento da autoridade eclesiástica
sobre a genuidade dos prodígios que se narram em torno da Virgem e
do santuário de Aparecida"
(In PERGUNTE E RESPONDEREMOS – 71/1963, questão 5).
"A bem da verdade..."
Leiam-se de novo as declarações do monge Bettencourt!
Que coisa!!!
Os reverendos proclamam tanto a
eficiência da devoção à Aparecida de terracota, divulgam os seus
"milagres" e expõem, em sala adequada, tantos ex-votos e
não podem sair desta: nem esses "milagres"merecem qualquer
pronunciamento oficial sobre a sua genuyidade...
Pestes, tempestades, doenças, secas,
a "ingrata" não pode impedir... E permite – o que é
pior de tudo – sejam assim ludibriados os seus devotos!
É mesmo uma trapaça essa Senhora de
terracota!
Desde menino, ouvi muitas vezes o
milagre da libertação de um escravo na hora de ser, preso ao
tronco, retalhado com chicote em castigo de sua fuga.
Foi mentira! Isso não aconteceu.
Se quem nega a veracidade desse
episódio, fosse um evangélico, logo sofreria insultos dos carolas
fanáticos. Mas, quem diz ser isso uma mentira, uma lenda fantasiosa,
é o devoto Fred Jorge, em seu livro: "APARIÇÃO E MILAGRES DE
NOSSA SENHORA APARECIDA" (Editora Prelúdio Ltda., São Paulo,
1954). Este livro foi sacramentado com o Imprimatur,
que, por delegação do cardeal e sob a chancela da cúria
paulopolitana, lhe apôs o cônego J.LafaYette, posteriormente bispo
auxiliar da Capital de São Paulo, e, em seguida, bispo diocesano
("ordinário") em Bragança Paulista.
Esse mesmo livro, sacramentado,
indulgenciado e "aguabentado" por um solene Imprimatur
do ordinário paulista, diz que,
"para enumerar todas as graças concedidas seriam precisos
muitos volumes de milhares de páginas..." (pág. 20). Propõe-se
Fred Jorge colher alguns dentre aquela quantidade enorme, a fim de
apresentá-los aos leitores. Contudo, por falta de autenticidade e
seriedade nesses tantos, apresenta, uns poucos apenas, esclarecendo a
sua necessidade de usar de fantasia (página 22).
É! Depois de tanta fanfarronada,
condessa-se fantasmagórico!
Teve razão aquele padre da basílica
que, em princípios do anos de 1961, disse-me, referindo-se à
Aparecida:
"Ela
não tem valor algum. Nós gostamos dela porque nos traz muito
dinheiro".
Teor
da carta de 12/11/71 de D.Agnelo Rossi a D.Evaristo Arns.
Firma
reconhecida no Cartório do 1º Ofício de Notas - S.Paulo e
AUTENTICADA
no 25º Cartório de Notas - Tabelião Milani em 15/12/71:
Roma,
12 de Novembro de 1971
Exmo
snr. D.Paulo Evaristo Arns,
PAX
ET BONUM
Faço
votos de que os seus empreendimentos à frente da saudosa
Arquidiocese de São Paulo estejam se concretizando.
Tivemos
conhecimento da sentença judicial favorável ao Padre Aníbal
Pereira dos Reis. Certamente ele tomará medidas para proclamar e
divulgar amplamente essa decisão porque isso lhe interessa. É
lamentável que a sorte lhe haja favorecido. Agora, por certo, ele se
inflamará ainda mais na sua pertinácia de pregador protestante.
Como
seu antigo professor e observador de suas atividades como seu bispo
que fui, reconheço ser ele um dos sacerdotes mais cultos do Brasil.
É invejável a sua enorme capacidade de trabalho. Inteligente, culto
é, ainda, teimosamente trabalhador. No momento é o herege mais em
evidência no Brasil e quem mais perturba o avanço do ecumenismo.
Não fosse ele e muito mais já se teria conseguido. Os seus livros,
além de suas pregações, vêm causando enormes dificuldades para os
nossos planos aí no Brasil. Tememos que essa literatura seja
traduzida em outras línguas, o que iria alastrar o mal em outros
países.
O
Santo Padre, informado de tudo e apreensivo, solicita-lhe, por meu
intermédio, que insista nas reuniões da CNBB para que se estudem
medidas a serem adotadas para coibir e neutralizar os efeitos do
trabalho desse sacerdote. Se nós o perdemos, o que foi enorme
prejuízo, agora é necessário barrar-lhe a impetuosidade.
O
que fazer? Como já disse, é preciso que se estudem medidas
adequadas. Talvez promover alguma coisa para desmoralizá-lo entre os
próprios protestantes.
Os
bispos do Brasil devem se convencer de que o Padre Aníbal é o
sacerdote que atualmente mais causa preocupações a Paulo VI,
que está sumamente interessado numa urgente solução.
Mande-me
sempre notícias, bem como recortes interessantes de jornais e
revistas.
Envie-me
também informações sobre o exame e as medidas a serem tomadas pela
CNBB sobre o assunto Padre Aníbal Pereira dos Reis a fim de manter
informado o Santo Padre.
Com
um abraço de + Agnelo Rossi
Abaixo
transcrevemos um texto que se encontra na página 20, do capítulo
5, para que tenham uma idéia do que será apresentado. Já está
disponível, na íntegra, TODOS OS CAPÍTULOS DESTE LIVRO.
Posteriormente,
serão compactados (ZIP) e estarão disponíveis por FTP.
|
"
...
O Conde de Assumar toparia com uma barreira
formidável a lhe embargar a consumação dos seus propósitos.
É que os frades eram "dos
elementos mais perniciosos entre os que tinham entrado e continuavam
a entrar com as avalanches, que enchiam aqueles distritos, e não só
porque se entregavam desenfreadamente ao ganho como todo aquele
mundo, mas ainda porque, valendo-se do seu ascendente sobre o
espírito da massa, eram quase sempre os promotores de todas as
desordens".
Desgraçadamente os compêndios de
História do Brasil adotados por nossas escolas aureolam os padres e
os frades do tempo da nossa Colonização com as glórias de heróis.
Os seus autores sabem que, se disserem a verdade, os seus livros não
terão guarida nos ginásios, em grande parte, dirigidos,
maquiavelicamente, por padres e freiras, ou deles recebem
"orientação".
Aquelas nossas informações, acima
entre-aspeadas, são de Rocha Pombo, registradas em sua História do
Brasil (Rio de Janeiro - 1905, vol 6, página 245) cuja PRIMEIRA
EDIÇÃO deveria ser lida por todo intelectual patrício.
Destaco em caixa alta a PRIMEIRA
EDIÇÃO porque as subseqüentes foram criminosamente resumidas e
mutiladas. Destas podaram-se todos os informes sobre os latrocínios,
extorsões, atrocidades e crimes cometidos pelos clérigos
missionários.
A maioria dos brasileiros supõe que
naqueles tempos, Portugal açambarcava todo o ouro bateado pelos
lavageiros ou garimpado nos veios das rochas. Supõe-se, também,
que, em tempos posteriores, a Inglaterra usurpou-o das bruacas
lusitanas. Verdade é que o Reino estabelecia impostos, arrecadados
pela quintagem, com o fim de beneficiar o seu erário.
Os frades, contudo, não vieram para
o Brasil com a missão de catequizar. O Historiador Rocha Pombo, no
passo já referido, informa-nos que o Conde de Assumar, dentre as
questões a enfrentar, tinha de se haver com a da "expulsão de
todos os religiosos regulares que não tivessem naquela Província do
seu domínio uma função certa, própria do seu apostolado".
Tinham esses "religiosos"
(frades cognominados pela legislação romanista de "religiosos
regulares") outra incumbência bem diversa da apregoada e que
causou graves prejuízos ao Brasil. Vieram carrear ouro para o papa e
para os seus conventos na Europa!
O ouro do Brasil, em grande parte,
encontra-se ainda hoje em poder do Vaticano, que o faz ocupar o
segundo lugar mundial no mercado desse valor precioso, cujas reservas
o papa deposita no Federal Reserve Bank, em Washington.
..."
ANÍBAL
PEREIRA DOS REIS
Nascido
aos 9 de março de 1924 em São Joaquim da Barra, no Estado de São
Paulo. Filho de católicos: Manoel Pereira dos Reis e Emília Basso
Reis, desde a infância aspirou servir a Deus.
Com
esse propósito, submeteu-se à ordenação sacerdotal aos 8 de
dezembro de 1949, em Montes Claros, no Estado de Minas Gerais, depois
de haver feito os seus estudos eclesiásticos na Faculdade Teológica
da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.
Naquela
cidade do Norte Mineiro, além de professor de literatura portuguesa
e de matemática, coadjutor da catedral, confessor do Colégio
Imaculada Conceição, Diretor do jornal diocesano "Tribuna do
Norte", Diretor Diocesano do Ensino Religioso, desenvolveu
amplas atividades do setor de assitência social, criando e dirigindo
o Círculo Operário de Montes Claros.
Transferido
para o Recife, Capital de Penambuco, em 1952, prosseguiu as mesmas
atividades sociais à frente da Companhia de Caridade, que, sob sua
administração, chegou a ser, como rede de orfanatos e asilos para
velhos, a maior e a mais bem organizada obra social católica do
País. Tido como excelente conselheiro, seu confessionário era
procuradíssimo por muita gente, inclusive freiras e sacerdotes.
Na
aspiração de melhor servir no confessionário, fez curso de
neuro-psiquiatria.
Veindo
para o Estado de São Paulo, em 1960, foi pároco em Guaratinguetá e
em Orlândia.
Vastíssima
folha de serviço deve-lhe o catolicismo.
Sua
ânsia de conhecer sempre mais, levou-o também a fazer o curso de
ciências jurídicas.
Apesar
de ser muito apreciado em seus trabalhos, jamais conseguiu
tranquilizar o seu coração anelante. Quanto mais confissões
atendia, mais o seu coração se angustiava. Ansiava ter segurança
espiritual conseqüente da certeza de sua salvação.
Em
1961, começou, dirigido pelo Espírito Santo, a estudar a Bíblia
com toda a sinceridade de alma.
Deus
lhe proporcionou, através do novo nascimento, a alegria perene de
possuir segurança inabalável de sua salvação.
Com
a aceitação de Jesus Cristo, como seu Único e Todo Suficiente
Salvador, abandonou a batina e se afastou do catolicismo romano. Em
30 de maio de 1965, fez sua pública decisão por Jesus Cristo e a 13
de junho seguinte desceu às águas, cumprindo uma das ordenanças de
Cristo.
Cumprindo
determinações impostas por Deus, em seu coração, tornou-se
missionário do Evangelho. Deus vem abençoando ricamente esse
ministério. Sua longa experiência de sacerdote angustiado, agora se
transformou em instrumento do poder de Deus para a conversão de
inúmeras almas.
Foi promovido para junto do Senhor em
30 de maio de 1991.
LEIA
A SUA AUTOBIOGRAFIA: "ESTE PADRE ESCAPOU DAS GARRAS DO PAPA !!!"